WEC 2026 chega com 14 montadoras no grid e anuncia entrada da Genesis
- Carlos Rossi | Kabé
- há 7 dias
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Campeonato mundial de endurance consolida-se como maior palco da modalidade com estreia da marca coreana que terá brasileiro Pipo Derani no time inaugural dos Hypercars
São Paulo, 08 de dezembro de 2025. Esta segunda-feira trouxe ao mundo do automobilismo de resistência um anúncio que consolida o Campeonato Mundial de Endurance da FIA como a plataforma mais robusta da modalidade: pela primeira vez na história recente, 14 montadoras de alcance global dividirão o mesmo grid competitivo. O documento oficial com os inscritos para 2026 revela não apenas números impressionantes, mas uma transformação estrutural que coloca o WEC em patamar inédito de relevância internacional.
O conjunto de fabricantes presentes forma um mosaico industrial sem precedentes: Alpine, Aston Martin, BMW, Cadillac, Corvette, Ferrari, Ford, Genesis, Lexus, McLaren, Mercedes-AMG, Peugeot, Porsche e Toyota representam diferentes filosofias de engenharia, tradições competitivas e mercados globais. Essa diversidade não apenas enriquece o espetáculo esportivo, mas posiciona o WEC como laboratório único para desenvolvimento tecnológico aplicado à mobilidade do futuro.
Na categoria Hypercar, a principal do campeonato, oito fabricantes disputarão o título em 2026. Alpine, Aston Martin, BMW, Cadillac, Genesis, Peugeot e Toyota completam o grupo de desafiantes que tentará tirar a Ferrari do topo. A equipe italiana chega embalada após dominar completamente a temporada anterior, conquistando todos os títulos disponíveis e mantendo intacta sua invencibilidade nas 24 Horas de Le Mans desde que o 499P estreou nas pistas. Os números de 2025 revelam, porém, uma competição equilibrada: sete equipes diferentes celebraram vitórias ao longo das oito etapas disputadas, demonstrando que a supremacia pode mudar de mãos a qualquer momento.
A categoria LMGT3 também promete disputas acirradas. A Manthey, poderosa estrutura alemã especializada em competições GT, busca seu terceiro título consecutivo após dominar as duas primeiras temporadas da classe Pro/Am, estabelecida em 2024. Para isso, confiará novamente nos Porsche 911 GT3 R, máquinas que se provaram competitivas em diferentes circuitos e condições. O desafio, porém, será maior: nove fabricantes subiram ao pódio na temporada anterior, evidenciando que Aston Martin, BMW, Corvette, Ferrari, Ford, Lexus, McLaren, Mercedes-AMG e a própria Porsche têm capacidade real de brigar pela vitória em qualquer corrida.
A temporada 2026 percorrerá oito diferentes países ao longo de oito meses. A abertura acontece no Qatar, com os 1812 km marcados para 28 de março. Itália (Imola, 19 de abril) e Bélgica (Spa-Francorchamps, 9 de maio) receberão as duas etapas seguintes antes do ápice tradicional do calendário: as 24 Horas de Le Mans, agendadas para 13 e 14 de junho. A sequência prossegue com o Rolex 6 Horas de São Paulo, em Interlagos, no dia 12 de julho, seguido por Austin (COTA, 6 de setembro), Fuji (27 de setembro) e encerramento no Bahrain (7 de novembro).
Interlagos assume posição estratégica nesse calendário. A prova brasileira tem registrado públicos recordes e atraído crescente interesse de marcas e investidores, consolidando-se como ponto de referência no circuito global do endurance. O Brasil voltou ao calendário do WEC após uma década de ausência, já que a última passagem do campeonato pelo país havia sido em 2014.
As declarações oficiais que acompanharam o anúncio da lista de inscritos refletem o otimismo da organização. Pierre Fillon, presidente do Automobile Club de l'Ouest (ACO), destacou a amplitude da competição observada em 2025, quando sete equipes diferentes venceram nas oito corridas dos Hypercars, enquanto seis formações distintas triunfaram na LMGT3. Richard Mille, à frente da Comissão de Endurance da FIA, enfatizou que o grid de 2026 sintetiza a essência do que as corridas de resistência devem representar: grandes marcas globais, tecnologia de ponta e uma formação de pilotos que mescla campeões experientes, talentos emergentes e competidores amadores motivados. Frédéric Lequien, CEO do FIA WEC, ressaltou o orgulho de apresentar uma lista com novidades como a Genesis e projetou crescimento ainda maior para 2027, quando Ford e McLaren também reforçarão o grid dos Hypercars.
Dentro dessa lista histórica, um nome desperta atenção redobrada no Brasil: a Genesis Magma Racing faz sua estreia no campeonato mundial, e Luis Felipe "Pipo" Derani integra a formação inaugural da montadora coreana. O piloto paulista volta ao palco mundial justamente no ano em que poderá, pela primeira vez na carreira, competir em território nacional dentro do calendário do FIA WEC. A equipe representa a chegada da divisão premium da Hyundai ao universo dos protótipos de elite.
A Genesis apresenta ao paddock o GMR-001 Hypercar, máquina que carregará as cores da montadora em sua campanha de estreia. Ao lado de Derani, a equipe reuniu dois nomes de diferentes perfis: o alemão André Lotterer, veterano que acumula triunfos na Sarthe, e o francês Mathys Jaubert, representante da nova geração que desponta no endurance europeu. Essa combinação de experiência consolidada, talento em ascensão e conhecimento de diferentes escolas de pilotagem forma um trio que busca competitividade imediata contra adversários já estabelecidos.
Para Derani, o retorno ao WEC carrega simbolismo que vai além da competição. Desde 2015, quando completou sua primeira temporada integral no campeonato, o brasileiro não teve a chance de correr em casa por essa plataforma. A explicação é simples: naquele ano, o Brasil foi retirado do calendário, frustrando um desejo que o piloto carregava desde 2014, quando o WEC passou por Interlagos enquanto ele dava seus primeiros passos no European Le Mans Series. Uma década depois, a oportunidade finalmente se concretiza. "Estou muito feliz por, finalmente, poder correr em casa. O FIA WEC esteve no Brasil em 2014, ano em que eu estreei no European Le Mans Series e, no ano seguinte, quando eu corri a temporada completa do FIA WEC pela primeira vez, infelizmente, o Brasil saiu do calendário, o que foi uma pena. Então, voltar ao campeonato mundial agora, na categoria principal, e poder disputar uma etapa em casa vai ser muito legal, algo que eu sempre quis, mas que tive de esperar 10 anos para que pudesse acontecer. Mas veio no momento certo e estou muito feliz em poder voltar para o FIA WEC e ter essa experiência de correr em casa", revelou o campeão do IMSA.
A chegada da Genesis adiciona profundidade a um grid que já conta com gigantes estabelecidos. A entrada da montadora coreana, o retorno de Derani ao grid principal dos Hypercars e a volta de António Félix da Costa ao campeonato amplificam ainda mais a relevância da etapa de Interlagos no contexto internacional da temporada.
O grid de 2026 recebe também António Félix da Costa, que deixou sua marca na Fórmula E ao conquistar o campeonato da categoria elétrica. O talento português pilotará o Alpine A424 com numeração 35, trazendo sua velocidade e experiência em monolugares para o desafio dos protótipos de resistência. Sua chegada reforça a tendência de pilotos consagrados em outras categorias buscarem no WEC um novo desafio técnico e estratégico, elevando ainda mais o nível de competência do grid.
Os próximos meses serão de intensa preparação para equipes, pilotos e organizadores. A estreia no Qatar, em março, abrirá um campeonato que promete reescrever padrões de competitividade e estabelecer novos marcos para o automobilismo de resistência mundial.
Carlos Rossi | Red Line Motorsport Jornalista | Repórter Fotográfico




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