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F1 Sprint: McLaren toma a dianteira em Interlagos, Antonelli emociona a Mercedes e Verstappen se decepciona

  • Foto do escritor: Carlos Rossi | Kabé
    Carlos Rossi | Kabé
  • 8 de nov.
  • 4 min de leitura
F1 Sprint: McLaren toma a dianteira em Interlagos, Antonelli emociona a Mercedes e Verstappen se decepciona
Max Verstappen, Interlagos, 2025 (Mark Thompson/Red Bull Content Pool)

Norris crava a pole position do Sprint com voltas impecáveis, Antonelli brilha em sua estreia no circuito e Alonso recoloca a Aston Martin entre as protagonistas; Red Bull e Ferrari enfrentam dia turbulento


O fim de tarde em Interlagos teve o tipo de energia que só o autódromo paulistano é capaz de gerar: arquibancadas pulsando, nuvens carregadas pairando sobre a curva do Café e um grid embaralhado por surpresas. No centro do espetáculo, a McLaren reafirmou sua força — e Lando Norris fez do traçado de 4,3 km o palco de uma volta perfeita. Com 1min09s243, o britânico garantiu a pole position para o Sprint do GP do Brasil e devolveu à equipe de Woking o protagonismo que vinha disputando curva a curva com Mercedes e Red Bull.


Um bom começo de fim de semana hoje. A equipe fez um ótimo trabalho”, resumiu Norris, em tom contido, mas com o sorriso de quem sabe que o carro respondeu em cada trecho do setor dois. Oscar Piastri completou o domínio laranja com o terceiro tempo (1min09s428), apesar de reconhecer que o MCL39 estava “mais arisco do que o ideal”. A dupla mostrou que o pacote aerodinâmico atualizado encaixou de vez com o asfalto de Interlagos.


Entre as McLarens, a surpresa ganhou nome e número: Andrea Kimi Antonelli (#12). O italiano de 18 anos, em sua primeira passagem pelo circuito brasileiro, marcou 1min09s340 e colocou a Mercedes na primeira fila. Sereno, comentou que um erro sutil na curva 10 custou a pole, mas o desempenho foi suficiente para arrancar aplausos até dos rivais. George Russell veio logo atrás, quarto com 1min09s495, completando um dia de consistência para a equipe prateada.


O engenheiro Andrew Shovlin resumiu o sentimento em Brackley: “Kimi nunca havia pilotado aqui, então estar na primeira fila é impressionante. George também extraiu o máximo.” A Mercedes, que há poucos meses parecia perdida em meio a experimentações, voltou a ser ameaça legítima.


Alonso retoma a velha chama. Entre os veteranos, Fernando Alonso deu à Aston Martin uma sexta-feira que pareceu um retorno aos dias de glória. O espanhol voou em 1min09s496, conquistando o quinto tempo e mostrando o AMR25 mais equilibrado desde o início do campeonato. “Interlagos sempre foi especial para mim”, disse, emocionado, ao descer do carro. Lance Stroll completou a boa fase do time com 1min09s671, garantindo o sétimo lugar. Pela primeira vez em meses, os carros verdes pareciam se comportar como máquinas competitivas.


Enquanto isso, a Red Bull viveu um dia de desconforto. No sexto posto, Max Verstappen (1min09s580) encerrou a sexta sem o semblante habitual de tranquilidade. O tricampeão se queixou de vibrações e instabilidade nas curvas de alta, sintomas de um RB21 que pareceu não se ajustar às variações de temperatura e vento. “Estamos sofrendo com falta de aderência”, reconheceu. Yuki Tsunoda teve destino pior — 18º, com 1min10s692, após rodar no treino livre e comprometer o ritmo. Pierre Wache, diretor técnico da Red Bull, admitiu que o carro “não entregou o que os dados prometiam”.


Na Ferrari, o dia terminou com frustração. Charles Leclerc, oitavo (1min09s725), viu sua melhor tentativa ruir com uma rodada que acionou bandeira amarela. Lewis Hamilton, 11º (1min09s811), também foi prejudicado pelo incidente e pela falta de aderência nas curvas lentas. “Hoje não correu como planejado, mas vamos reagir”, afirmou o heptacampeão. O carro mostrou velocidade em trechos isolados, mas não entregou constância — um eco de velhos problemas em Maranello.


No meio do pelotão, o equilíbrio foi o nome do jogo, com a Racing Bulls e a Sauber mantendo a dignidade no meio do grid. O francês Isack Hadjar, da Racing Bulls, foi preciso: nono (1min09s775), repetindo o rendimento das últimas etapas. “Esperava mais aderência com o pneu macio, mas foi difícil completar uma volta perfeita”, comentou. O companheiro Liam Lawson, 17º (1min10s666), sofreu com o tráfego e não evoluiu além do SQ1.


Na Kick Sauber, Nico Hülkenberg (#27) fechou em décimo (1min09s935), e o brasileiro Gabriel Bortoleto (#5), correndo pela primeira vez diante de sua acalorada torcida, foi 14º (1min09s923). “A atmosfera aqui é incrível. Queria ter dado mais hoje, mas vamos continuar trabalhando”, disse o paulista, emocionado ao ver bandeiras do Brasil balançando na Reta Oposta.


Alpine e Haas sofrem com consistência, Williams despenca. A Alpine teve uma sexta de contrastes. Pierre Gasly (#10) foi 13º (1min09s852), limitado por bandeiras amarelas, enquanto Franco Colapinto (#43), confirmado na equipe para 2026, ficou em 16º (1min10s441) e saiu com tom didático: “Aprendi muito, e cada volta valeu.” Na Haas, Oliver Bearman (#87) terminou 15º (1min09s946) e Esteban Ocon (#31), 19º (1min10s872). O chefe Ayao Komatsu lamentou o tráfego e a dificuldade de aquecer os pneus no momento certo.


A Williams, que prometia uma reação, teve o oposto. Alex Albon (#23) finalizou 12º (1min09s813), e Carlos Sainz (#55) fechou a tabela com 1min11s120. Um tombo inesperado para uma equipe que vinha em leve recuperação.


No fechamento da sexta, Simone Berra, da Pirelli, antecipou o que deve definir o sábado: “A diferença entre os compostos médios e macios é mínima. O C4 oferece tração melhor no início, mas degrada mais rápido. O C3 pode surpreender se a temperatura cair.


Com menos de sete décimos separando os dez primeiros, o equilíbrio é a tônica. A McLaren larga na frente com autoridade, mas a Mercedes vem forte, a Aston Martin ressurgiu, e a Red Bull deixou escapar o conforto habitual. Se o céu paulista resolver intervir — e Interlagos adora fazer isso —, o Sprint promete ser daqueles que mudam o rumo de um fim de semana inteiro.


Carlos Rossi / Red Line Motorsport

Jornalista e Repórter Fotográfico

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