Ferrari acumula oito conquistas em categorias GT no Bahrein desde 2012, mas busca consolidação na Hypercar
- Carlos Rossi | Kabé
- 2 de nov.
- 3 min de leitura

Trajetória vitoriosa da marca italiana nas disputas Gran Turismo contrasta com desempenho ainda irregular do 499P na principal classe do Mundial de Endurance
O circuito de Sakhir transformou-se em território fértil para a Ferrari nas categorias Gran Turismo do Campeonato Mundial de Endurance. Desde que o Bahrein passou a sediar a etapa final da temporada do FIA WEC, em 2012, a escuderia de Maranello colecionou oito triunfos nas classes GT, consolidando uma supremacia que atravessa diferentes gerações de carros e pilotos no autódromo localizado no Golfo Pérsico.
A mais recente dessas vitórias aconteceu na temporada 2024, com o 296 LMGT3 da equipe Vista AF Corse. A conquista teve Alessio Rovera, piloto oficial da Ferrari, ao lado de Simon Mann e François Heriau, diante de um público de 30.500 espectadores que acompanharam a tradicional corrida noturna – formato que caracteriza o evento desde sua origem, com largada ao entardecer e conclusão sob a iluminação artificial das torres do circuito.
Entre os nomes que escreveram essa história de sucesso, o finlandês Toni Vilander aparece como protagonista absoluto. Três vezes vencedor nas primeiras edições disputadas no deserto barenita, ele dividiu o cockpit inicialmente com o italiano Giancarlo Fisichella na estreia de 2012, pilotando o modelo 458 Italia GTE. Nas temporadas de 2013 e 2014, outro italiano assumiu a cadeira ao lado de Vilander: Gianmaria Bruni tornou-se seu parceiro no bicampeonato consecutivo que consolidou o domínio ferrarista naquele período.
O ano de 2017 marcou novo capítulo vitorioso, seguido por uma temporada 2021 que entraria para os livros da escuderia. Naquele ano memorável, a marca italiana não apenas subiu ao degrau mais alto do pódio nas duas categorias disputadas – LMGTE Pro e LMGTE Am –, como também faturou os campeonatos de Construtores e Pilotos na classe profissional. A sequência gloriosa continuou em 2022, quando Antonio Fuoco formou dupla vitoriosa com Miguel Molina, resultado que permitiu a Alessandro Pier Guidi e James Calado celebrarem seu terceiro título, mesmo enfrentando adversidades mecânicas. Falhas na transmissão durante as derradeiras 120 minutos de prova ameaçaram o título, mas não impediram a conquista da dupla.
Quando se volta o olhar para a categoria Hypercar, entretanto, o panorama apresenta desafios distintos. O protótipo 499P estreou na classe rainha do campeonato sem repetir em Sakhir o mesmo brilho demonstrado pelas máquinas Gran Turismo. Na edição de 2023, o melhor que a escuderia conseguiu foi colocar o carro número 50 – pilotado por Fuoco, Molina e Nielsen – na terceira colocação das 8 Horas do Bahrein, desempenho que segue como referência máxima da era dos protótipos híbridos no traçado do Oriente Médio.
Os números da última temporada expõem a distância que ainda separa a Ferrari de suas principais adversárias na briga por vitórias na Hypercar. O mesmo trio do carro 50, que brigou pelo campeonato até a última rodada e terminou como vice no Mundial de Pilotos, chegou apenas em 11ª posição na corrida final. Pier Guidi, Calado e Giovinazzi fecharam a prova dois lugares atrás, em 14º. Com esses resultados, a classificação de Construtores colocou a marca na terceira posição ao término de 2024, evidenciando que o caminho para igualar Toyota e Porsche na disputa pelos triunfos com protótipos ainda demanda evolução.
A história da Ferrari no deserto barenita revela, dessa forma, um contraste marcante: hegemonia inquestionável nas competições travadas com modelos baseados em automóveis de produção, enquanto o desafio de elevar o 499P ao patamar de protagonista na elite do endurance mundial permanece como missão inacabada para os engenheiros e pilotos da lendária equipe italiana. Carlos Rossi / Red Line Motorsport
Jornalista & Repórter Fotográfico




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