Felipe Giaffone sela tetracampeonato e Perdoncini leva a Elite em final explosiva da Copa Truck em Interlagos
- Carlos Rossi | Kabé
- 7 de dez.
- 4 min de leitura

Decisões definidas no fio da navalha coroam o encerramento da temporada 2025 da Copa Truck Petrobras nas categorias PRO e Elite
O domingo de Super Final em Interlagos transformou o Autódromo José Carlos Pace num palco de tensão permanente. Entre bandeiras amarelas, penalidades e corridas viradas de cabeça para baixo, Felipe Giaffone garantiu seu quarto título na Super Truck PRO, enquanto Pedro Perdoncini confirmou a conquista na Super Truck Elite por uma diferença microscópica — exatamente o tipo de dramaturgia que a temporada 2025 parecia estar escrevendo desde o início.
Um tetracampeão moldado na regularidade
Giaffone entrou no fim de semana com vantagem curta e saiu dele dono de mais um troféu. Seus 228 pontos finais — contra 222 de Danilo Dirani — refletem mais do que números: contam uma temporada conduzida com precisão cirúrgica. Em 18 corridas, o piloto do Volkswagen Meteor # 4 ficou fora do top-10 apenas quatro vezes, construindo uma muralha de consistência que nem um incidente logo na largada da segunda corrida conseguiu demolir.
Na primeira bateria, enquanto Leandro Totti ampliava sua coleção de vitórias convertendo a pole em triunfo absoluto, Giaffone optava por uma atuação calculada. Cedeu posições no início para Abbate e Franzoni, tratou de se manter longe de encrenca e cruzou em sexto — o suficiente para ir para a última corrida com o título na mão, mas não no bolso.
A largada da segunda bateria virou o roteiro que ninguém queria, mas que a temporada parecia exigir: toque com Abbate, queda para 16º e Dirani farejando a oportunidade de virar o campeonato. O piloto da Iveco Usual Racing reagiu imediatamente, escalou o pelotão, terminou em terceiro e manteve viva a matemática até os instantes finais. Mas Paulo Salustiano venceu, Totti foi punido por excesso de velocidade, e mesmo vindo do fundo, Giaffone apareceu em 12º — posição que, somada ao ano inteiro, fechou a conta do título.
Perdoncini conquista a Elite no limite e por um único ponto
Se o drama da PRO já era suficiente para lotar cardiologistas no paddock, a Elite resolveu ultrapassar qualquer limite de tensão. Pedro Perdoncini, líder na reta final da temporada, levou o campeonato por um ponto: 259 a 258 sobre seu companheiro de equipe Arthur Scherer.

A estratégia do paranaense passou longe de heroísmos na pista — e foi justamente isso que lhe deu o título. Ele adotou condução limpa, driblou riscos desnecessários e deixou que as penalidades dos rivais fizessem a parte suja do serviço. Na primeira prova, vencida por Ricardo Alvarez, Perdoncini segurou a pressão de Nic Giaffone e garantiu o terceiro lugar com a ajuda das punições aplicadas a Scherer e ao próprio Nic.
O paulista reagiu na segunda bateria e venceu, mantendo viva a chama da disputa até o último suspiro. Mas a corrida foi devolvida à estratégia quando um toque entre Taborda e Nic Giaffone espalhou óleo pela Descida do Lago, neutralizando praticamente todo o tempo útil. Restou apenas uma volta de bandeira verde — e Perdoncini fez exatamente o que precisava: manteve a posição e levou o campeonato no detalhe.
Depoimentos de quem lutou até o fim
Os protagonistas deixaram claro o clima emocional do fim de semana:
Perdoncini chegou à etapa buscando controlar a ansiedade e manter o padrão do ano: “Manter o foco e a concentração… seguir o propósito.”
Scherer, ainda antes da decisão, já previa a batalha interna da ASG Motorsport: “Liderei boa parte do ano e vamos trabalhar para compensar algumas coisas nos ajustes.”
Abbate sintetizou a missão de quem vinha atrás: “Fazer pole, vencer corrida e ver o que o Giaffone vai fazer.”
Giaffone, experiente, manteve os pés no chão: “Vantagem é importante, mas não podemos pensar nisso.”
Apesar de não ter alcançado o título, Dirani cumpriu a promessa de entrega total: “Vou entregar o máximo para tentar sair de Interlagos com o título.”
Classificações, números e recortes do encerramento
PRO — Top-10 final
1º Felipe Giaffone, 228 pontos
2º Danilo Dirani, 222
3º Raphael Abbate, 209
4º Beto Monteiro, 208
5º Leandro Totti, 203
6º Wellington Cirino, 174
7º André Marques, 166
8º Bia Figueiredo, 147
9º Jaidson Zini, 141
10º Victor Franzoni, 125
Elite — Top-10 final
1º Pedro Perdoncini, 259
2º Arthur Scherer, 258
3º Leo Rufino, 227
4º Nicolas Giaffone, 225
5º Diogo Moscato, 193
6º Ricardo Alvarez, 191
7º Hugo Cibien, 162
8º Rodrigo Taborda, 153
9º Djalma Pivetta, 144
10º Jô Augusto Dias, 142
Perdoncini e Scherer sobem para a PRO em 2026.
Corridas quentes, chuva ameaçando, arquibancadas lotadas
Interlagos entregou o espetáculo completo: calor acima de 30 graus, ameaça de chuva pairando na parte da tarde, arquibancadas pulsando e um safety-truck sempre de plantão. Entre caminhões parados em locais perigosos, óleo na pista, inversão dos oito primeiros nas baterias e punições distribuídas a rodo, cada volta carregou a sensação de que o título poderia mudar de mãos a qualquer instante.
É por esse, e outros motivos, que a Copa Truck sempre tem suas arquibancadas abarrotadas de fãs.
2026 já tem roteiro pronto — e promete
A próxima temporada terá nove etapas, retorno de praças tradicionais como Brasília, Goiânia e Santa Cruz, além da estreia de pistas em Chapecó e Cuiabá. Campo Grande abre os trabalhos entre 6 e 8 de março.
Carlos Rossi
Jornalista e Repórter Fotográfico












































Comentários