Fórmula 1 chega à Arábia Saudita com altas expectativas no veloz circuito de Jeddah
- Carlos Rossi | Kabé
- 17 de abr.
- 9 min de leitura
Após rodadas desafiadoras no Japão e Bahrein, a F1 fecha sua primeira tripla do ano nas ruas rápidas e traiçoeiras do Oriente Médio
A temporada 2025 da Fórmula 1 segue a todo vapor com a quinta etapa do calendário acontecendo neste fim de semana no circuito de rua de Jeddah, na Arábia Saudita. A corrida marca o encerramento da primeira rodada tripla do ano, que passou pelo Japão e pelo Bahrein antes de desembarcar no circuito saudita — uma pista conhecida por suas velocidades impressionantes e layout desafiador.
Com 6.174 quilômetros de extensão e 27 curvas, o Jeddah Corniche Circuit é o segundo mais longo do calendário, atrás apenas de Spa-Francorchamps. Apesar de ser considerado um circuito de rua, o traçado é permanente e oferece curvas longas, rápidas e fluidas, além de três zonas de DRS, que favorecem ultrapassagens e adicionam imprevisibilidade à corrida.
As temperaturas devem ultrapassar os 30 °C durante o dia e cair para cerca de 23-24 °C ao anoitecer, o que influenciará diretamente na aderência dos pneus e nas estratégias de corrida. Com um asfalto pouco abrasivo, a previsão inicial aponta para uma corrida com apenas uma parada. No entanto, os muros próximos ao traçado tornam a possibilidade de incidentes e entradas do safety car um fator a ser considerado por todas as equipes.
Instabilidade na liderança e clima de ajustes na Mclaren
Mesmo com a temporada ainda no início, o cenário na ponta do grid tem oscilado bastante. No Bahrein, Oscar Piastri brilhou com um fim de semana quase perfeito: pole position, domínio absoluto e vitória convincente. O resultado o colocou como um dos principais nomes da disputa pelo campeonato, apenas três pontos atrás do líder (77).
“Fiquei muito feliz com a vitória e a forma como a construí no Bahrein. Entro neste fim de semana com muita confiança”, disse o jovem australiano.“Jeddah é uma pista que eu realmente gosto e da qual guardo boas lembranças de visitas anteriores. Estou determinado a começar com tudo na Arábia Saudita.”
Enquanto isso, do outro lado da garagem da McLaren, Lando Norris teve dificuldades em encontrar o ritmo ideal no Bahrein, principalmente na classificação. Largou da sexta posição e, mesmo com uma boa largada, foi penalizado por alinhar fora da posição correta, o que prejudicou sua estratégia. Ainda assim, garantiu um pódio ao terminar em terceiro, atrás de George Russell.
“Estou animado para voltar a Jidá. É uma pista muito rápida e temos um carro veloz, então vamos tentar terminar esta tripla rodada com força”, disse Norris.“Estou orgulhoso de como começamos a temporada. Comemoramos nosso sucesso, mas também nos reunimos como equipe para discutir e levar nossos aprendizados para a próxima corrida. Estou me sentindo bem e ansioso para correr novamente neste fim de semana.”
A McLaren, portanto, chega à Arábia Saudita com moral elevada e expectativa de consolidar seu bom momento — além de observar de perto uma possível e crescente rivalidade interna entre seus dois pilotos.
Mercedes aposta em consistência e desenvolvimento
A Mercedes chega a Jeddah depois de mais um pódio com George Russell, mas ainda com pontos de interrogação sobre confiabilidade. O piloto britânico enfrentou diversos problemas no Bahrein, mas garantiu um sólido segundo lugar — graças, segundo Toto Wolff, a uma condução técnica e ao trabalho coordenado da equipe.
“George batalhou com várias falhas no carro, mas teve uma atuação brilhante. Estamos trabalhando duro para entender as causas e evitar que se repitam”, afirmou o chefe da equipe.
Já Kimi Antonelli, que vive seu ano de estreia na F1, teve um fim de semana mais desafiador. Apesar de mostrar ritmo forte, acabou prejudicado por um toque no início da corrida e escolhas estratégicas desfavoráveis após o safety car.
Sobre a expectativa para a Arábia Saudita, o dirigente destacou que o traçado de Jeddah apresenta um desafio completamente diferente.
“Passamos de uma pista com desgaste traseiro para uma mais exigente na dianteira, com curvas rápidas e médias. Seria tolice tentar prever o grid, mas vamos lutar por outro pódio.”
A Mercedes também estará representada na F1 Academy com a jovem Doriane Pin, que lidera o campeonato e busca ampliar sua vantagem na segunda etapa da temporada.
Ferrari busca constância em pista veloz
A Ferrari, que mostrou evolução em Sakhir, chega à Arábia Saudita buscando consolidar seu desempenho e tentar diminuir a diferença para os líderes. O chefe de equipe Frédéric Vasseur destacou que o trabalho em Maranello nos últimos dias foi intenso, com foco total na adaptação às características únicas do traçado saudita.
“Devemos manter o foco em nós mesmos, pois essa é a melhor maneira de extrair o máximo do conjunto à nossa disposição e progredir de forma constante”, afirmou Vasseur.
Apesar de ser a equipe mais tradicional da Fórmula 1, a Ferrari ainda não venceu em Jeddah. Desde a estreia da pista em 2021, os italianos conquistaram três pódios e duas voltas mais rápidas, mas a vitória segue escapando.
Red Bull mira redenção na Arábia Saudita com Verstappen em busca de consistência
Após uma performance dominante no Japão, onde Max Verstappen liderou de ponta a ponta, a Red Bull chega a Jeddah determinada a apagar a imagem deixada no Bahrein. Em Sakhir, o tricampeão mundial enfrentou um fim de semana turbulento: problemas de equilíbrio no carro, superaquecimento dos pneus e paradas lentas nos boxes dificultaram qualquer chance real de brigar pelas primeiras posições. No fim, Verstappen precisou batalhar até a última volta para garantir o sexto lugar, ultrapassando Pierre Gasly já na bandeirada.
Jeddah, em 2024, foi o palco de mais uma apresentação fantástica da Red Bull, que teve dobradinha com Verstappen vencendo a corrida - depois de ter conquistado a pole position - com Sergio Pérez na segunda posição.
Apesar do contratempo no Bahrein, o Verstappen demonstra otimismo com o circuito saudita:
"O Bahrein acabou por ser um fim de semana muito difícil para nós e não correu nada bem. Ainda temos muito trabalho a fazer no carro para estarmos onde queremos em termos de ritmo e qualificação. No ano passado, Jeddah provou ser uma boa pista para nós; é um circuito sério e rápido, quase como um circuito citadino, e é divertido de pilotar." "Normalmente, a degradação dos pneus é menor nesta pista, por isso deverá ser uma corrida melhor para nós. É a última corrida de três consecutivas, por isso espero um ritmo melhor e um desempenho semelhante ao do Japão."
A equipe austríaca, que ainda é referência no pelotão da frente, espera que as características do circuito de Jeddah – de alta velocidade e menos exigente em pneus – favoreçam um retorno ao topo, especialmente após um início de temporada mais irregular do que o habitual.
Alpine marca seus primeiros pontos e quer manter o embalo
A BWT Alpine chega à Arábia Saudita com o moral elevado após finalmente registrar seus primeiros pontos na temporada, no Bahrein. Pierre Gasly foi o responsável por levar o carro azul e rosa ao sétimo lugar, em uma corrida bem executada que deu sinais animadores de recuperação após um início difícil em 2025.
“Foi ótimo sair do Bahrein com pontos após três corridas desafiadoras”, disse Gasly.“A estratégia e os pit stops foram muito bons, e o carro também. O timing do safety car não foi ideal e ser ultrapassado pelo Max no fim foi agridoce, mas ainda assim fico muito feliz por toda a equipe. A pista de Jeddah tem curvas de alta velocidade que podem nos favorecer novamente, assim como no Bahrein. Estamos mirando outro top 10.”
Ah, e como bom francês com bom gosto esportivo, Pierre ainda teve tempo de celebrar um resultado fora das pistas:
“Fiquei acordado até tarde assistindo ao final do Masters e estou muito feliz pelo Rory McIlroy — um dos nossos investidores — por finalmente conquistar o green jacket. Parabéns a ele!”
Já o australiano Jack Doohan, que ainda busca seu primeiro resultado expressivo na F1, também destacou a força do carro e a frustração com o desfecho da corrida passada, em que um timing infeliz do safety car impediu uma pontuação dupla da Alpine.
“Foi nosso melhor resultado em classificação e passamos boa parte da corrida com os dois carros no top 10. Mas fui prejudicado pelo momento do safety car e depois ficou difícil resistir a quem vinha de pneus mais novos”, explicou Doohan.“Agora vamos com tudo para Jeddah. Já conheço o traçado da Fórmula 2, e com o momento positivo que a equipe vive, espero converter essa experiência em pontos.”
A Alpine sabe que ainda tem um longo caminho pela frente, mas a evolução em relação a 2024 é clara. Em Jeddah, a meta é simples: consolidar o progresso e seguir pontuando.
Visa Cash App RB quer apagar resultado ruim do Bahrein e retomar ritmo veloz em Jeddah
Depois de um fim de semana abaixo do esperado no Bahrein, a Visa Cash App RB chega à Arábia Saudita focada em reencontrar a competitividade que vinha demonstrando no início da temporada. O traçado de Jeddah, com suas curvas rápidas e demanda por estabilidade em alta velocidade, pode ser o palco ideal para essa recuperação.
“Aprendemos muito e acho que podemos recuperar nosso ritmo em Jeddah,” afirmou Isack Hadjar.
“Estou animado para lutar por um lugar no Q3 e por pontos no circuito de rua mais rápido do calendário. Conheço bem a pista desde os tempos da Fórmula 2. Foi frustrante o que aconteceu no Bahrein, mas o time trabalhou duro para entender o que deu errado e garantir uma corrida mais tranquila agora.”
Liam Lawson também compartilha a empolgação com o desafio saudita, mesmo que vá enfrentar o traçado com um carro de F1 pela primeira vez.
“Jeddah é uma pista muito rápida e bastante única, você precisa de confiança total. Estou animado para voltar ao carro e fechar essa rodada tripla com força. Tivemos duas etapas boas para aprender o que precisamos fazer, agora é hora de aplicar isso e maximizar nossa performance.”
O diretor de corridas Alan Permane foi direto ao ponto sobre o que Jeddah exige:
“É uma pista que recompensa estabilidade em alta velocidade e agilidade nas mudanças de direção. É um layout de baixo arrasto, diferente das quatro corridas anteriores, então teremos novas configurações de asa dianteira e traseira. A prova tradicionalmente é de uma parada, mas como será realizada em abril pela primeira vez, com temperaturas mais altas e pneus um composto mais macio, o fator estratégia deve ganhar ainda mais importância.”
Com a promessa de acerto refinado e cabeça fresca após o revés anterior, a RB quer voltar a ser presença constante no pelotão intermediário — e quem sabe até beliscar algo mais com uma boa dose de ousadia.
Sauber deseja virar a página do Bahrein e explorar potencial do C45 nas ruas velozes de Jeddah
A KICK Sauber chega à Arábia Saudita para fechar a primeira rodada tripla da temporada com ânimo renovado. Depois de um fim de semana difícil no Bahrein, a equipe quer transformar o potencial do carro C45 em resultados concretos no veloz circuito de rua de Jeddah, onde o foco será desempenho operacional e consistência.
Jonathan Wheatley, chefe da equipe, destacou os desafios e a importância de extrair tudo do equipamento:
“Fechando o capítulo do Bahrein, agora olhamos para Jeddah. É um traçado desafiador para todas as equipes. Embora os resultados recentes não tenham sido os esperados, seguimos determinados a aproveitar ao máximo cada oportunidade neste fim de semana. Precisamos garantir um desempenho operacional sólido e buscar o melhor resultado possível com o C45.”
Nico Hülkenberg, indo direto ao ponto, ressaltou a complexidade do circuito:
“Jeddah é rápida, estreita e não perdoa erros. O traçado deve se adequar melhor ao nosso carro do que vimos no Bahrein. O foco será encontrar o equilíbrio certo desde o início e nos adaptar bem às mudanças nas condições da pista.”
Gabriel Bortoleto, em sua temporada de estreia, também se mostra preparado:
“Já corri aqui no ano passado, então conheço bem o circuito. Estamos trabalhando duro para aproveitar os aprendizados até agora. Quero continuar evoluindo, ajustar meu desempenho e brigar por um resultado competitivo.”
Além da Fórmula 1, a Sauber também entra em ação na F1 Academy. Emma Felbermayr, representante da equipe na categoria feminina, volta às pistas depois da boa exibição na China no mês passado. Ela encara agora o veloz e técnico traçado saudita com o objetivo de manter a boa fase e somar pontos importantes no campeonato.
Programação e expectativas
A programação do fim de semana segue o formato tradicional: duas sessões de treinos livres na sexta-feira, às 16h30 e 20h (horário local), uma terceira sessão no sábado às 16h30, seguida pela classificação às 20h. A corrida está marcada para o domingo, às 20h locais, com 50 voltas e 308,45 quilômetros no total.
Com pilotos em busca de afirmação, equipes ajustando estratégias e a liderança do campeonato ainda em aberto, o GP da Arábia Saudita promete ser um dos capítulos mais emocionantes da temporada até aqui. A única certeza? A velocidade vai ditar o ritmo em Jeddah — e qualquer erro pode custar caro.
Carlos Rossi – Kabé / Red Line Motor Sport
Jornalista | Repórter Fotográfico
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