Circuito dos Cristais recebe abertura da terceira edição do TCR Brasil Banco BRB com grid internacional renovado
- Carlos Rossi | Kabé
- 13 de ago.
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Competição que integra conceito mundial de corridas de turismo promete disputas acirradas entre Brasil, Argentina e Uruguai neste fim de semana em Curvelo
O automobilismo brasileiro ganha mais um capítulo de sua história internacional neste fim de semana, quando o Circuito dos Cristais, localizado em Curvelo, região metropolitana de Belo Horizonte, abre as portas para a terceira temporada do TCR Brasil Banco BRB. A categoria, que segue os padrões globais estabelecidos pelo empresário italiano Marcello Lotti em 2014, chega ao país carregando números impressionantes: são 339 corridas realizadas em 2024 distribuídas por 30 nações e quatro continentes, envolvendo 21 diferentes modelos de 12 montadoras distintas.
A competição nacional mantém sua característica única de integração com o TCR South America Banco BRB, permitindo que pilotos de diferentes países disputem simultaneamente os dois campeonatos. Essa configuração especial eleva significativamente o nível técnico e competitivo das provas, criando um ambiente de disputa que se tornou marca registrada da categoria na América do Sul.
Desde sua inauguração em 2023, o campeonato brasileiro tem sido palco de decisões emocionantes que se estendem até as últimas voltas da temporada. O paulista Galid Osman inaugurou a galeria de campeões após superar o argentino Ignacio Montenegro por apenas um ponto de diferença (262 a 261) no Autódromo Internacional Zilmar Beux, em Cascavel. Defendendo as cores da equipe carioca W2 ProGP, comandada pelos ex-pilotos de Stock Car Duda Pamplona e Serafin Jr., Osman estabeleceu o padrão de disputas acirradas que caracterizaria a categoria.
A temporada seguinte repetiu o roteiro de emoção até o final. Pedro Cardoso, brasiliense da PMO Racing, conquistou o título de 2024 em Buenos Aires, no Autódromo Oscar y Juan Gálvez, mesmo sem ter vencido nenhuma corrida durante o ano. Com 274 pontos contra 271 de Juan Ángel 'Colo' Rosso, Cardoso fez história ao se tornar posteriormente o primeiro piloto a conquistar também a versão sul-americana do TCR, fechando o ciclo em Rosário, Argentina.
O grid de 2025 apresenta novidades significativas, começando pela estreia de Nelsinho Piquet. O ex-Fórmula 1 e primeiro campeão mundial de Fórmula E integra a Squadra Martino pilotando o Honda Civic Type R FL5 # 33, cchegando embalado por três poles consecutivas no TCR South America. A temporada também marca o debut de Léo Reis, paulista de 21 anos que representará a W2 ProGP ao volante de um Cupra León VZ, e mudanças na carreira de Enzo Gianfratti, que deixou a Porthack Racing para defender a G Racing Motorsport.
A diversidade do grid se completa com Maria Nienkötter, única representante feminina aos 19 anos pela Cobra Racing Team, equipe dirigida pelo ex-piloto Nonô Figueiredo. A jovem catarinense simboliza a renovação geracional que marca esta terceira edição do campeonato.
Tecnologicamente, seis montadoras já marcaram presença na história da competição. A Cupra, divisão esportiva do Grupo Volkswagen, lidera em número de vitórias com seis triunfos, enquanto a Toyota detém o recorde de pódios com 22 presenças no top-3. Honda, Peugeot, Hyundai e Lynk & Co. (marca chinesa do grupo Geely que chegará ao Brasil em 2026) completam o rol de fabricantes que apostam no conceito TCR.
A padronização técnica mundial representa um dos principais atrativos da categoria, permitindo que pilotos compitam em igualdade de condições em qualquer campeonato TCR do planeta. Raphael Reis exemplificou essa versatilidade ao conquistar a medalha de prata no FIA Motorsport Games 2024, disputado em Valência, Espanha, evento considerado as "Olimpíadas do Automobilismo".
O sistema de classificação global, inspirado no ranking da ATP, oferece aos competidores a oportunidade de disputar a final do TCR World Ranking, que em 2025 acontecerá em novembro no circuito de Vallelunga, Itália. Essa estrutura internacional conecta pilotos sul-americanos aos principais centros do automobilismo mundial.
Estatisticamente, o Brasil domina as disputas internacionais dentro do campeonato nacional. Em 20 corridas já realizadas, os pilotos brasileiros venceram 15 vezes, contra seis vitórias argentinas e uma uruguaia. No quesito pódios, a superioridade nacional se mantém com 38 presenças brasileiras no top-3, comparadas a 23 argentinas e cinco uruguaias. Contudo, nas classificações para o grid, a disputa se equilibra: Argentina e Brasil empatam com cinco poles cada, enquanto o Uruguai conquistou três primeiras posições.
Entre as equipes, a W2 ProGP brasileira lidera em vitórias (seis), seguida pela PMO Racing argentina (cinco). A Squadra Martino, rebatizada como Honda YPF Racing em 2025, detém o recorde absoluto de poles com oito primeiras posições conquistadas. No ranking de pódios por equipes, a Paladini Racing argentina comanda com 16 presenças no top-3.
Raphael Reis, brasiliense da W2 ProGP, mantém dois recordes notáveis: é o único piloto a disputar todas as 77 corridas da história sul-americana da franquia e possui o maior número de largadas no TCR Brasil com 20 participações. Rafael Suzuki lidera a estatística de vitórias brasileiras com cinco triunfos, seguido por Galid Osman com quatro.
Com 11 etapas e 20 corridas em seu histórico, o TCR Brasil Banco BRB se prepara para expandir ainda mais seus números a partir deste fim de semana em Curvelo, onde a busca por um terceiro campeão brasileiro diferente promete novos capítulos de uma história que se constrói sobre a base da imprevisibilidade e da competitividade internacional.
Carlos Rossi – Kabé / Red Line Motor Sport
Jornalista | Repórter Fotográfico
*Sugestão de pauta: Ass. de Imprensa no Brasil, Rodolpho Siqueira / Fernando Silva




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