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Alceu Feldmann e Gui Salas triunfam nos 500 km de Interlagos, mas Fraga e Marçal Muller arrancam o título do Endurance na volta final

  • Foto do escritor: Carlos Rossi | Kabé
    Carlos Rossi | Kabé
  • 23 de nov.
  • 5 min de leitura
Alceu Feldmann e Guilherme Salas (Carlos Rossi - CARR Press)
Alceu Feldmann e Guilherme Salas (Carlos Rossi - CARR Press)

Largada intensa, chuva traiçoeira, safety-car decisivo e uma reviravolta histórica definem a prova que encerrou a temporada de 20 anos da Porsche Cup C6 Bank em Interlagos


A etapa de 500 km que encerrou o campeonato de Endurance da Porsche Cup C6 Bank — disputada neste sábado, 22 de novembro de 2025 — reuniu praticamente todos os elementos que moldam uma grande corrida: disputa em todos os pelotões, mudanças bruscas de clima, estratégias colapsando com safety-car tardio e uma virada de campeonato que só se resolveu na reta final. A vitória ficou com a dupla formada por Guilherme Salas e Alceu Feldmann, mas o título foi garantido por Felipe Fraga e Marçal Muller, que precisaram reagir desde o fundo do pelotão após um pneu furado ainda no trecho inicial.


A prova começou com Chris Hahn tomando a liderança de Marçal Muller no S do Senna, enquanto Chico Horta, Alceu Feldmann Neto e Caio Chaves se posicionavam entre os cinco primeiros. O ritmo intenso não demorou: Regadas e Hellmeister travaram disputa dura pelo sexto lugar, e logo Feldmann Neto superou Horta para consolidar presença entre os líderes. Muller tentou retomar a dianteira usando Boost, mas Hahn respondeu com precisão na freada, permitindo a aproximação do carro # 8. Hellmeister também avançou, cruzando o pelotão até atacar Chaves, enquanto Comparatto emergia do meio do tráfego com o # 118.


Hahn abriu vantagem no primeiro stint, com Muller e Feldmann Neto logo atrás. A batalha seguinte incluiu Horta, Comparatto e Regadas, enquanto Renan Guerra liderava a Rookie. Pela Challenge, Sadak Leite ditava o ritmo com o # 66. Ainda antes da janela de paradas, Feldmann Neto tentou desbancar Muller duas vezes, mas recebeu o troco. No giro seguinte, o # 544 foi aos boxes com pneu dianteiro esquerdo danificado — movimento que ganharia peso decisivo horas depois.


O safety-car surgiu na volta 17 e salvou o campeonato de Fraga e Muller ao aproximar o pelotão, embora o # 544 caísse para 35º. Quando a pista abriu para a primeira rodada de paradas, formou-se uma fila intensa no pitlane. Fefo Barrichello e Lineu Pires foram os únicos a adiar o serviço para a volta seguinte. O retorno à pista foi bem modificado: o # 118, agora com Matheus Ferreira, assumiu a liderança; o # 8 vinha logo atrás com Gabriel Casagrande na ponta da Sport; e Thiago Camilo, Sérgio Ramalho e Miguel Paludo apareciam na sequência.


A corrida ganhou contornos imprevisíveis quando uma garoa começou em partes do traçado. Primeiro uma garoa discreta, depois chuva fina — suficiente para alterar frenagens, aproximar carros e provocar mudanças abruptas. Ramalho passou Casagrande pela ponta, enquanto Salas escalava posições e se aproximava rapidamente. Camilo também avançou e superou o # 8 por fora no S do Senna. Na reta final do stint, o carro # 8 já sofria queda acentuada de rendimento, especialmente no segundo setor do traçado.


As paradas seguintes mudaram novamente a liderança: Comparatto reassumiu o # 118 e encontrou Chaves e Feldmann Neto logo à frente. Ambos o superaram no retorno com pneus frios, mas logo o # 8 buscou ultrapassagens sucessivas para tentar retomar o controle da prova.


Uma disputa entre pai e filho — Alceu e Alceu Neto — marcou um dos episódios mais simbólicos da etapa: ambos chegaram a dividir pista e liderança em diferentes trechos, sempre dentro do limite.


A sequência seguinte de voltas empurrou a disputa do campeonato para o centro da narrativa. Comparatto, em desempenho consistente, tomou a liderança pouco antes do fechamento do segmento, deixando Salas, Feldmann e Hellmeister na cauda imediata. O # 544 finalizou apenas em 14º no trecho — resultado crítico numa disputa que envolvia matemática fina.


Com nova janela aberta, o # 8 retornou com Casagrande e retomou a pressão entre os primeiros. Ferreira recolocou o # 118 na liderança até que Salas, em ritmo fortíssimo, superou o rival na volta 75. Foi o ponto de virada da prova: dali em diante, Salas e Alceu Feldmann tomaram o controle estratégico do # 1.


No penúltimo ciclo de paradas, Alceu Feldmann reassumiu o carro vencedor. Seu filho, no carro 8, seguia próximo em segundo. Comparatto voltou a avançar passando Josimar e, por alguns minutos, garantiu o título com sua posição de pista. Mas Hellmeister não largou o osso: ultrapassou o # 118 com Boost e ainda colocou Daniel Neumann entre ambos, reposicionando a disputa matemática com # 544.


O acidente de Josimar no S do Senna acionou outro safety-car, reduzindo uma diferença que ainda era de 55 segundos entre o # 544 e os líderes. Na relargada, Fraga partiu com agressividade contra Khodair e Fittipaldi, superando rivais em sequência. Cada posição valia o campeonato — e ele chegou ao sétimo lugar em poucas voltas. A direção de prova aplicou drive-thru a Fittipaldi pelo uso indevido de Boost, além de punição adicional de 5 segundos, ampliando ainda mais o benefício ao # 544.


Na volta 112, a equação do título virou definitivamente a favor de Fraga e Marçal Muller. Salas, alheio às contas do campeonato, manteve controle absoluto até a chegada e confirmou mais uma vitória ao lado de Alceu Feldmann. Matheus Ferreira levou o # 118 a mais um segundo lugar — consolidando uma estreia memorável na temporada ao lado de Comparatto. O terceiro degrau encerrou a festa da família Feldmann com o # 8 de Casagrande. Hellmeister e Paludo ficaram com o quarto lugar, e Fraga fechou em quinto para ratificar o título e subir ao pódio com direito a champanhe.


Bruno Campos e Nicolas Costa garantiram o triunfo na Rookie com o # 33, enquanto Sadak Leite e Fabio Carbone dominaram a Challenge de ponta a ponta com o # 66. Já o carro # 21 finalizou em 22º e levou as vitórias da Challenge Sport e Challenge Rookie.


A prova também definiu o vice-campeonato de Endurance para Matheus Comparatto, que subiu ao pódio nas três etapas longas — a primeira ao lado de Arthur Leist e as demais com Matheus Ferreira — em sua estreia após passagem bem-sucedida pelos monopostos.


Na Challenge, o título ficou com José Moura Neto e Matheus Iorio, superando os chilenos Carlos Ruiz e Carlos Ruiz Jr. no duelo entre as duplas. A temporada ainda reservou domínio absoluto do # 66 nas corridas da geração 991.2.


O sábado marcou o encerramento do calendário de 20 anos da Porsche Cup C6 Bank. O campeonato de 2026 já tem definição completa: provas em Interlagos, Goiânia, Velocitta e duas etapas em Portugal, além da estreia histórica de uma corrida em Le Mans como evento suporte das 24 Horas. As classes Carrera, Challenge e Trophy seguem com campeonatos de sprint e endurance.


Carlos Rossi / CARR Press

Jornalista e Repórter Fotográfico

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