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Interlagos e o desafio da Ferrari: Título em jogo e o desejo do pódio inédito

  • Foto do escritor: Carlos Rossi | Kabé
    Carlos Rossi | Kabé
  • 7 de nov.
  • 4 min de leitura
Interlagos e o desafio da Ferrari: Título em jogo e o desejo do pódio inédito
Charles Leclerc em Interlagos, 2025 (Ferrari Media Center)

Formato Sprint e Clima Imprevisível Elevam a Tensão na Acirrada Luta da Scuderia Pelo Vice-Campeonato de Construtores


A Fórmula 1 desembarca em São Paulo para o Grande Prêmio que leva o nome do talentoso piloto brasileiro José Carlos Pace, em uma das etapas mais cruciais da reta final da temporada. Com apenas quatro corridas restantes, o Autódromo de Interlagos sediará o penúltimo evento da rodada tripla das Américas, marcando o quinto e penúltimo fim de semana no formato Sprint. Este modelo compacto maximiza a pressão sobre as equipes: há apenas um treino livre antes da Classificação Sprint, colocando em jogo um total de 58 pontos. A Ferrari chega com a missão de manter o ritmo positivo e assegurar a segunda colocação no Campeonato de Construtores, posição que ocupa com apenas um ponto de vantagem sobre a Mercedes e dez sobre a Red Bull, seus "rivais de sempre".


O Palco: Traçado de Exigência Máxima


O lendário circuito brasileiro é a própria materialização da essência da Fórmula 1: rápido, técnico e de uma imprevisibilidade notória que o transformou em palco de momentos históricos. A pista, caracterizada por oscilações e mudanças de inclinação, exige um carro com tração e equilíbrio impecáveis, especialmente no setor intermediário, que engloba as curvas mais lentas (da 6 à 11), onde a força aerodinâmica descendente (downforce) define a performance. As melhores chances de ultrapassagem concentram-se no início da volta, da Curva S do Senna até a Curva Descida do Lago (curva 4), e no setor final. Este último, da Junção até a Subida dos Boxes, exige velocidade máxima para a linha de chegada/largada, abrindo outra janela ideal para manobras na primeira curva.


Disputado em 71 voltas, o Grande Prêmio de São Paulo exige tipicamente uma estratégia de duas paradas nos boxes em condições de pista seca. Essa tática é viável, pois o traçado da pista encoraja as ultrapassagens, minimizando a perda de tempo do pit stop. No entanto, o fator clima é uma variável onipresente. Localizada a 700 metros acima do nível do mar, São Paulo em novembro é sinônimo de imprevisibilidade. A previsão não está "muito animadora" para o fim de semana e as equipes devem se preparar para mudanças radicais, que podem alternar chuva forte com sessões sob sol intenso e temperaturas na pista que chegam a superar 38ºC.


Pressão do Sprint e o Otimismo Pós-Américas


A compactação do cronograma impõe um desafio extra. "Em Interlagos, disputaremos o quinto fim de semana de sprint da temporada, o que representa mais um teste interessante para toda a equipe, tanto física quanto mentalmente", observa Fred Vasseur, chefe da Scuderia. Ele enfatiza que, neste formato, "cada detalhe importa, desde o trabalho de preparação em Maranello até o suporte em tempo real da garagem remota". Vasseur expressou confiança refletindo os dois fins de semana sólidos em Austin e no México, onde o potencial do carro foi "maximizado". O objetivo no Brasil é claro: "manter esse ritmo, focar na execução e estar prontos para reagir a quaisquer condições climáticas que encontrarmos em São Paulo".


A programação local começa na sexta-feira (10 de novembro) com o único treino livre às 11h30 (horário de Brasília), seguido pela Classificação Sprint às 15h30. O sábado (11 de novembro) é reservado para a quinta corrida Sprint da temporada às 11h, e a classificação para a corrida principal ocorre às 15h. O Grande Prêmio de São Paulo terá sua largada no domingo (12 de novembro) às 14h (horário de Brasília).


Leclerc, Hamilton e as Contas do Campeonato


No box da Ferrari, as atenções se dividem entre a busca por resultados e a rivalidade do campeonato. Charles Leclerc confirmou que tem "assuntos inacabados" em Interlagos, um de seus "circuitos favoritos fora das ruas", onde nunca conseguiu um pódio, apesar de ter tido o necessário para terminar entre os três primeiros em mais de uma ocasião (citando 2019 e 2023). Após resultados positivos e dois pódios consecutivos, o monegasco está focado em manter a sequência, sabendo que a disputa será "acirrada, decidida por milésimos de segundo".


Leclerc foi questionado sobre a tensa briga pelo vice-campeonato de construtores. "As diferenças são tão pequenas que não faz sentido falar em classificação. Estamos todos no mesmo nível, mas faremos o nosso melhor para garantir a vitória", afirmou. Em um momento de hesitação e sorriso, ele concluiu que a prioridade é a equipe: "Uma vitória é sempre uma vitória, mas o objetivo da equipe é terminar em segundo. Digamos assim, esperamos estar em posição de buscar a vitória sem ter que correr riscos, e dessa forma todos ficarão felizes".


Já Lewis Hamilton, que detém a cidadania brasileira honorária, descreve o evento como uma "corrida em casa", sentindo uma "ligação especial com este circuito". Interlagos está entrelaçado a momentos-chave de sua carreira: "Foi aqui que vi meu ídolo Ayrton Senna vencer, e também aqui, quando cheguei à Fórmula 1, que perdi um título – para conquistá-lo no ano seguinte na última curva da corrida". O piloto expressou otimismo sobre o progresso recente, afirmando: "Bem, acho que definitivamente fizemos muito progresso no último mês. Agora precisamos continuar nessa mesma direção aqui no Brasil e ver o que podemos alcançar". Hamilton manifestou a expectativa de "se sair bem na minha primeira corrida aqui com a camisa vermelha".


Fora do grid da F1, Hamilton aproveitou para desejar sorte à Ferrari no Campeonato Mundial de Endurance (WEC), onde Robert Kubica luta pelo título contra os pilotos da Scuderia James Calado, Alessandro Pier Guidi e Antonio Giovinazzi. Ele elogiou a "jornada extraordinária" de Kubica, afirmando ter certeza de que, não fosse o acidente de rali, o polonês "poderia ter conquistado um campeonato de Fórmula 1".


O Peso da História


Com um total de 1118 GPs e 76 temporadas na F1, a Ferrari detém 248 vitórias e 254 pole positions. No Brasil, a equipe participou de 51 Grandes Prêmios desde 1973, conquistando 11 vitórias, 7 pole positions e um total de 32 pódios, um histórico robusto que a Scuderia espera honrar neste fim de semana de alta tensão e imprevisibilidade.


Carlos Rossi / Red Line Motorsport

Jornalista e Repórter Fotográfico

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