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Felipe Fraga conquista bicampeonato da Stock Car com vitória sob chuva em Interlagos

  • Foto do escritor: Carlos Rossi | Kabé
    Carlos Rossi | Kabé
  • há 4 dias
  • 5 min de leitura
Felipe Fraga (Marcelo Machado de Melo/BRB Stock Car)
Felipe Fraga (Marcelo Machado de Melo/BRB Stock Car)

Piloto da Eurofarma RC garante título da temporada 2025 ao vencer a corrida sprint da etapa final, marcada por paralisação e estratégia em pista molhada


São Paulo, 13 de dezembro de 2025. Felipe Fraga confirmou neste sábado, em Interlagos, o segundo título de sua carreira na BRB Stock Car Pro Series ao vencer a corrida sprint válida pela 12ª e última etapa da temporada 2025. O piloto da Eurofarma RC precisava apenas cruzar a linha de chegada na 12ª posição para assegurar o campeonato, mas transformou a decisão em afirmação definitiva ao levar o Mitsubishi Eclipse Cross # 88 à vitória em uma prova profundamente impactada pela chuva, por um acidente múltiplo e por uma longa interrupção.


O resultado coroou uma campanha consistente e eficiente. Fraga encerrou o ano com três vitórias, nove pódios e o bicampeonato conquistado exatamente nove anos após sua primeira consagração na categoria, também no Autódromo José Carlos Pace. A temporada marcou ainda seu primeiro ano completo defendendo a Eurofarma RC, equipe comandada por Rosinei Campos, o ‘Meinha’, um dos nomes mais vitoriosos da história da Stock Car.


A corrida teve contornos atípicos desde o início. A largada aconteceu com a pista úmida, condição que se agravou rapidamente com o aumento da intensidade da chuva. O cenário tornou-se especialmente crítico durante a abertura da janela de pit-stop obrigatório, quando as estratégias passaram a oscilar volta a volta. Fraga liderava a prova quando a equipe optou por antecipar sua parada, logo após a entrada de Gaetano Di Mauro, companheiro de equipe e único concorrente direto ao título naquele momento.


No auge dessa instabilidade estratégica, a corrida foi interrompida por um acidente envolvendo três carros na entrada dos boxes. Daniel Serra, Helio Castroneves e o estreante Marcos Regadas escaparam da pista e atingiram a barreira de proteção. Apesar do impacto, os três pilotos deixaram seus carros caminhando, sem consequências físicas. A direção de prova acionou a bandeira vermelha, interrompendo a disputa quando restavam 12 minutos e 41 segundos no cronômetro. A paralisação se estendeu por quase duas horas para o resgate dos veículos e a recomposição da barreira de pneus.


A relargada foi autorizada às 15h50, em regime de safety car. Naquele momento, com oito voltas completadas, Fraga aparecia na liderança, seguido por Cesar Ramos e Guilherme Salas. Gaetano Di Mauro, que ainda mantinha chances matemáticas de título até a penúltima etapa, surgia apenas na 25ª posição após a reorganização do pelotão.


Com a pista novamente liberada, Fraga impôs ritmo forte e abriu vantagem próxima de quatro segundos sobre Cesar Ramos. Logo atrás, Lucas Foresti e Enzo Elias superaram Guilherme Salas e assumiram a terceira e a quarta posições, respectivamente. Pouco depois, o Chevrolet Tracker # 73 de Salas apresentou problemas e precisou ser estacionado na Subida do Café, levando ao encerramento da corrida sob safety car. Ainda dentro do carro e visivelmente emocionado, Fraga celebrou a confirmação do título.


Lucas Foresti, embalado por um pódio conquistado na etapa anterior em Brasília, cruzou a linha de chegada em segundo lugar com o Chevrolet Tracker # 12 da A.Mattheis Vogel, seu melhor resultado na temporada. Cesar Ramos completou o pódio com o Toyota Corolla Cross # 30 da Ipiranga Racing. Gaetano Di Mauro terminou a prova na 12ª posição.


Após a corrida, Fraga viveu momentos de forte emoção ao lado do filho Daniel, da esposa Vanessa e do pai Irineu, e destacou tanto a conquista quanto o trabalho da equipe ao longo do campeonato. “Foi um dia incrível! Uma pena pelo que foi a corrida, mas não quero tirar o brilho do meu campeonato. Foi uma temporada muito boa. Estou muito feliz e quero agradecer à Eurofarma RC por ter me dado um carro sensacional durante todo o ano. Feliz demais por estar aqui ao lado do meu filho, da minha esposa da minha família, no meu primeiro completo com a Eurofarma e com meu segundo título na Stock Car. Muito feliz, mesmo”, afirmou.


O bicampeão também comentou a dinâmica estratégica da prova e o impacto da chuva. “Estava muito bem na corrida. No seco, consegui abrir uma vantagem bem para o Gaetano. No pit-stop, ele mandou bem em parar primeiro; não quis arriscar porque queria marcá-lo, parei depois. Acho que, sem aquela chuva, terminaria facilmente entre os cinco”, explicou.


Ao avaliar a trajetória até o título, Fraga ressaltou o processo de trabalho ao longo do ano. “A gente trabalha pra caramba, se dedica muito. Às vezes o resultado não vem, e começamos até a duvidar da gente mesmo. Feliz por estar em uma equipe muito boa, onde consigo fazer meu trabalho com calma, e as coisas encaixam: às vezes, por performance, por sorte — o campeão precisa ter sorte também —, e é só agradecer. É muito bom estar numa equipe dessas, em que tudo o que faço funciona. E agora é continuar trabalhando, amanhã tem outra corrida e ano que vem tem mais”, concluiu.


A trajetória de Felipe Fraga no automobilismo brasileiro ajuda a dimensionar o peso do bicampeonato. Nascido em Jacundá, no Pará, e criado em Palmas, no Tocantins, ele despontou ainda adolescente. Aos 16 anos, competiu na Fórmula Renault Europeia, antes de retornar ao Brasil para disputar a categoria de acesso à Stock Car, onde conquistou o título aos 17 anos. A ascensão foi imediata.


Em março de 2014, com apenas 18 anos e ainda sem Carteira Nacional de Habilitação, Fraga venceu a Corrida de Duplas em Interlagos ao lado de Rodrigo Sperafico, defendendo a Vogel Motorsport. Dois anos depois, tornou-se o mais jovem vencedor da história da Stock Car, recorde que permanece vigente. Aos 21, venceu a Corrida do Milhão e conquistou seu primeiro título da categoria após duelo direto com Rubens Barrichello, então pela Cimed Racing Team, chefiada por William Lube, hoje comandante da Crown Racing.


A carreira internacional ganhou força paralelamente. Fraga disputou provas de grande relevância como as 24 Horas de Le Mans, Daytona e Spa-Francorchamps, além das 12 Horas de Sebring e da Petit Le Mans. A partir de 2020, passou a focar suas atividades fora do Brasil, competindo em temporadas completas do FIA WEC, em categorias de GT e no IMSA SportsCar, guiando protótipos LMP3 e LMP2. Em parceria com a Red Bull, também correu no DTM pela equipe AF Corse, conquistando uma vitória e dois pódios em 2022. Naquele mesmo ano, retornou pontualmente à Stock Car para substituir Daniel Serra na Eurofarma RC, em Interlagos, e venceu uma das corridas do fim de semana.


O retorno definitivo ao grid brasileiro ocorreu em 2023, pela Blau Motorsport, equipe baseada em Petrópolis e comandada por Rodolpho Mattheis. Em duas temporadas, Fraga venceu a corrida principal em El Pinar, no Uruguai, somou dez pódios e três voltas mais rápidas. Ainda na primeira metade da temporada seguinte, veio o anúncio da transferência para a Eurofarma RC a partir de 2025.


No primeiro ano da nova era dos carros SUV da Stock Car, Fraga encontrou o encaixe ideal com a equipe de Rosinei Campos. Ao longo da temporada, somou três vitórias, nove pódios e duas pole positions, assegurando o título em uma campanha valorizada também pelo desempenho de Gaetano Di Mauro, maior vencedor do campeonato em 2025, com quatro triunfos.


Entre os destaques do pódio em Interlagos, Lucas Foresti celebrou o momento positivo vivido pela A.Mattheis Vogel. “Meu time está de parabéns. Passamos pelo segundo Q3 seguido, andamos bem no seco e na chuva. A corrida foi complicada, muita chuva, e agora estar aqui, novamente no pódio, segundo lugar em São Paulo. Vamos buscar mais amanhã”, disse.


Cesar Ramos, por sua vez, viveu um sábado de sentimentos mistos ao conquistar o terceiro lugar. “Depois de seis anos, é meu último fim de semana com a A.Mattheis Ipiranga. Não tem como não ser emocionante. Óbvio que o pódio era o objetivo nesse fim de semana. Estive sempre ali, competitivo, e essa posição vem para nos presentear pelo esforço, pela dedicação. Agora é correr atrás, tentar seguir no grid. Minha meta é ficar aqui em 2026”, declarou o piloto gaúcho de Novo Hamburgo.


Carlos Rossi | Red Line Motorsport

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