Como o Rolex 6 Horas de São Paulo ajudou a definir os finalistas do FIA WEC
- Carlos Rossi | Kabé
- 1 de nov.
- 5 min de leitura

No fim de semana de 8 de novembro, campeões das classes Hypercar e LMGT serão conhecidos ao final das 8 Horas do Bahrein
O Rolex 6 Horas de São Paulo, realizado em 13 de julho, emergiu como o ponto de inflexão mais dramático da temporada 2025 do FIA WEC (Campeonato Mundial de Endurance). Posicionada na metade do calendário de oito etapas, a corrida brasileira no Autódromo de Interlagos foi implacável com os líderes, culminando em um equilíbrio na classificação geral e assegurando que o título Hypercar só será decidido na última prova do ano, as 8 Horas do Bahrein, em 8 de novembro.
A prova do Rolex 6 Horas de São Paulo, que ofereceu 25 pontos vitais ao vencedor, foi o primeiro grande teste de resistência após as 24 Horas de Le Mans. O circuito paulistano, notório por seu traçado sinuoso, de relevo acentuado e no sentido anti-horário, impôs desafios técnicos singulares. Um fator crucial foi o recapeamento completo da pista desde 2024, que forçou as equipes a começarem "praticamente do zero" no entendimento e gestão de pneus.
Em particular, Interlagos exige muito do pneu traseiro esquerdo dos carros devido à alta carga vertical, tornando a consistência a chave da vitória. Essa combinação de um novo asfalto e alta exigência de pneus amplificou a complexidade, agindo como um "nivelador de campo", que expôs as fraquezas de adaptação das equipes líderes.
O drama atingiu seu ápice com o desempenho abaixo do esperado por parte dos principais protagonistas após as 24 Horas de Le Mans. A tripulação do Ferrari 499P # 51, Alessandro Pier Guidi, Antonio Giovinazzi e James Calado, que chegava ao Brasil na liderança do campeonato, teve uma performance que em nada lembrou a dominância das provas iniciais, enfrentando dificuldades com a velocidade máxima nas retas e sendo penalizada no final da prova. O resultado: zero ponto.
Da mesma maneira, o desempenho da Toyota Gazoo Racing, vencedora da prova brasileira em 2024, não foi dos melhores. Os protótipos # 7 e # 8 terminaram em 14º e 15º, respectivamente, três voltas atrás do vencedor. A equipe japonesa também ficou no zero, um revés que efetivamente encerrou suas aspirações no Campeonato de Construtores.
Em meio ao caos, a Cadillac capitalizou a situação com uma performance calculada e estratégica. O Cadillac V-Series R # 12, pilotado por Alex Lynn, Norman Nato e Will Stevens, garantiu a vitória, com Norman Nato cruzando a linha de chegada. O sucesso da equipe americana foi atribuído à estratégia de conservação de pneus, cumprindo a meta de "fazer os pneus durarem" em uma pista de alta degradação.
Já na classe LMGT3, um momento marcante em São Paulo: o triunfo do Akkodis ASP Team com o Lexus # 87 (José María López, Clemens Schmid e Petru Umbrarescu), que conquistou a primeira vitória da marca na categoria. O pódio foi completado pelo Corvette # 81 da TF Sport em segundo e o Aston Martin # 10 da Racing Spirit of Léman — com o piloto brasileiro Dudu Barrichello — em terceiro, após manobra decisiva nos minutos finais. Dudu empolgou o público brasileiro com a disputa pelo pódio nas voltas derradeiras da corrida, mas também no dia anterior, ao cravar a pole position da categoria.
Nas 6 Horas de Austin, conhecida como Lone Star Le Mans, em setembro, a LMGT3 viveu um episódio emblemático da imprevisibilidade do endurance. A McLaren conquistou uma vitória inesperada após uma penalidade aplicada a uma Ferrari rival, evidenciando como o cumprimento das regras e o Balance of Performance (BoP) são elementos decisivos em um campeonato de margens tão apertadas. Mesmo sem vencer, o Porsche nº 92 Manthey 1st Phorm, líder do campeonato, manteve o foco na regularidade: optou por não trocar pneus em um momento tático e terminou em sétimo, resultado suficiente para ampliar sua vantagem para 19 pontos. Essa escolha refletiu uma estratégia de longo prazo — a priorização da consistência sobre o risco, um princípio que define as equipes mais bem-sucedidas do endurance moderno. Na classe principal a vitória ficou com o Porsche nº6 pilotado por Kevin Estre, Laurens Vanthoor e Matt Campbell.
A etapa seguinte, em Fuji, destacou conquistas marcantes em ambas as categorias principais. Na Hypercar, a Alpine obteve um feito histórico com a primeira vitória da marca no WEC, validando os avanços técnicos do programa. Na LMGT3, a Corvette com o carro # 81 da TF Sport saiu vitoriosa. Já a McLaren, que havia vencido em Austin, viu escapar um novo pódio após decisões estratégicas questionáveis, demonstrando que a velocidade bruta ainda precisa ser acompanhada por execução tática refinada.
Com os resultados de Austin e Fuji, o Porsche # 92 consolidou matematicamente os títulos de pilotos e equipes na LMGT3 antes mesmo da rodada final no Bahrein.
Título Totalmente em Aberto
A ausência de pontos dos líderes em Interlagos transformou o Campeonato Mundial de Pilotos da Hypercar. Embora o Ferrari # 51 mantenha a liderança (115 pontos), a diferença para o quarto colocado (Cadillac # 12, 81 pontos) é de apenas 34 pontos. Com 38 pontos em jogo nas 8 Horas do Bahrein, a prova final em 8 de novembro tem pontuação diferenciada e maior que uma prova de seis horas, permitindo que a liderança mude de mãos na última bandeirada.
Graças ao veredito implacável da Rolex 6 Horas de São Paulo, a batalha pelo título será levada ao limite, com pelo menos quatro equipes — Ferrari # 51, AF Corse # 83, Porsche # 6 e Cadillac # 12 — com chances reais de erguer o troféu no final da temporada.
A etapa brasileira não apenas garantiu um final eletrizante, mas também reafirmou a importância de Interlagos no calendário de endurance, gerando uma alta movimentação financeira e sendo transmitida para mais de 150 países.
SOBRE O ROLEX 6 HORAS DE SÃO PAULO
De 10 a 12 de julho de 2026, o Autódromo de Interlagos recebe a 5ª etapa do FIA World Endurance Championship (WEC): o Rolex 6 Horas de São Paulo. Com 13 montadoras e 36 carros no grid, o campeonato é referência do automobilismo mundial, reunindo alta performance, inovação e grandes nomes das pistas. Além da disputa das 6 horas de São Paulo, o evento é um verdadeiro festival de esporte, entretenimento e cultura, conectando o espírito vibrante da cidade à paixão global pelo automobilismo.
SOBRE O CAMPEONATO MUNDIAL DE ENDURANCE (WEC) DA FIA
O FIA WEC é o principal campeonato do automobilismo mundial, oferecendo aos fabricantes de automóveis uma relevância real para os avanços no design de carros de produção e na tecnologia, desempenho e segurança de crossovers. Regulamentações fortes e estáveis permitem protótipos esportivos complexos, mas bonitos, com o que há de mais moderno em tecnologia híbrida, fornecedores independentes de chassis e motores competindo nos mais altos níveis, e as principais marcas de carros de luxo do mundo enfrentando-se nas pistas.
O FIA WEC oferece às equipes, pilotos, parceiros e partes interessadas um palco único para competir nos principais circuitos de corrida em todo o mundo. Classificado ao lado das Olimpíadas, do Super Bowl e da Copa do Mundo de Futebol, a pedra angular do WEC continua sendo um dos maiores eventos esportivos do mundo, as 24 Horas de Le Mans. Disputado em oito etapas na América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia e Oriente Médio, o campeonato reúne corridas de distâncias variadas, desde as mais curtas, com 6 horas, até a mais longa, com 24 horas.
Calendário 2026 confirmado
22-23 de março – Prólogo oficial – Lusail, Catar
26-28 de março – 1812 km do Catar – Lusail, Catar
17-19 de abril – 6 Horas de Imola – Imola, Itália
7-9 de maio – 6 Horas de Spa-Francorchamps – Spa, Bélgica
10-14 de junho – 24 Horas de Le Mans – Le Mans, França
10-12 de julho – 6 Horas de São Paulo – São Paulo, Brasil
4-6 de setembro – Lone Star Le Mans – Austin, EUA
25-27 de setembro – 6 Horas de Fuji – Fuji, Japão
5-7 de novembro – 8 Horas do Bahrein – Sakhir, Bahrein
Ass. Imp. Rolex 6H de São Paulo




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