Hungria 2025: McLaren busca ampliar vantagem enquanto Ferrari testa atualizações em circuito histórico
- Carlos Rossi | Kabé
- 31 de jul.
- 7 min de leitura

Piastri lidera disputa interna na equipe britânica enquanto Ferrari e Mercedes buscam recuperação no Hungaroring renovado
A temporada 2025 da Fórmula 1 chega ao seu último ato antes das férias de verão com o tradicional Grande Prêmio da Hungria, que celebra quatro décadas ininterruptas no calendário da categoria. O Hungaroring recebeu extensas reformas em sua infraestrutura, incluindo novo asfalto na reta principal e área dos boxes, preparando-se para receber uma batalha acirrada entre as principais equipes. Oscar Piastri lidera o campeonato com 16 pontos de vantagem sobre seu companheiro Lando Norris, após conquistar uma vitória soberana em Spa-Francorchamps, estabelecendo a McLaren como favorita em um circuito onde o australiano triunfou pela primeira vez em 2024.
Modernização do Hungaroring marca nova era
O autódromo húngaro passou por transformações significativas desde sua construção em 1985, quando foi erguido em apenas nove meses após o governo local descartar a revitalização do antigo circuito de Nepliget Park. A mais recente reforma concentrou-se na aplicação de 860 toneladas de uma mistura asfáltica especialmente desenvolvida, utilizando betume com ponto de fusão elevado para minimizar ondulações e proporcionar maior consistência.
Durante corridas de GT realizadas em julho, o novo pavimento demonstrou características promissoras, embora os níveis de aderência ainda sejam objeto de análise detalhada. Tradicionalmente, o Hungaroring apresenta evolução acentuada da pista durante os fins de semana, especialmente nos primeiros dois dias, com possível granulação nos treinos de sexta-feira que tende a diminuir conforme a superfície recebe mais borracha.
Características técnicas do circuito
O Hungaroring estende-se por 4.381 quilômetros com traçado estreito e sinuoso, sem retas significativas além da principal. Frequentemente comparado a uma pista de kart em escala ampliada, o circuito exige configurações de alto downforce similar às utilizadas em Mônaco.
A velocidade máxima raramente excede 315 km/h, com os carros passando apenas 10 segundos em linha reta durante uma volta rápida. O percentual de aceleração total representa apenas 53% do tempo de volta e 60% da distância percorrida, sendo uma das menores proporções do calendário.
Apesar da reta principal relativamente curta, a distância da pole position até a zona de frenagem da curva 1 mede 472 metros, constituindo a quarta maior extensão da temporada. As duas zonas de DRS localizam-se na reta principal e entre as curvas 1 e 2, representando as únicas oportunidades reais de ultrapassagem.
Desafios térmicos e estratégicos
A degradação térmica representa um fator crucial no circuito húngaro, afetando especialmente os pneus macios durante voltas rápidas na classificação. As duas curvas finais constituem pontos críticos onde o superaquecimento pode comprometer o desempenho se os compostos não forem adequadamente gerenciados.
A Pirelli manteve a mesma seleção de compostos de 2024: C3 como duro, C4 como médio e C5 como macio. Embora o novo C6 tenha sido introduzido nesta temporada, sua aplicação seria extrema para um traçado que impõe alta densidade energética aos pneus a cada passagem. O circuito registrou a maior temperatura de pista da temporada passada, atingindo 58,6°C.
Na edição anterior, a estratégia de duas paradas prevaleceu, com diversas combinações entre C3 e C4. Treze pilotos optaram pelo composto médio na largada, enquanto quatro escolheram o macio e três o duro. Yuki Tsunoda foi o único a completar a distância com apenas uma parada, contrastando com aqueles que fizeram três trocas para um stint final curto com pneus macios.
Pirelli realiza testes de desenvolvimento
Após o Grande Prêmio, o Hungaroring sediará testes de desenvolvimento dos pneus de 2026 nas terças e quartas-feiras seguintes. Ferrari, Racing Bulls e McLaren participarão de apenas um dia, enquanto a Alpine estará presente em ambas as sessões.
Os testes visam avaliar a construção dos pneus para 2026, que devem ser homologados até 1º de setembro, além de compostos protótipos com prazo até 15 de dezembro. Posteriormente, estão programados mais seis dias de testes: dois em Monza, dois em Mugello e dois na Cidade do México.
McLaren confiante após sequência vitoriosa
Após um período chuvoso na Bélgica, a equipe britânica espera condições mais quentes e secas na Hungria, tradicionalmente uma das etapas mais quentes do ano. A McLaren busca sua 11ª vitória em 2025, tendo conquistado a 10ª em apenas 13 rodadas disputadas.
"Estou ansioso para ir a Budapeste neste fim de semana. É sempre uma cidade divertida de se visitar, e os fãs sempre foram muito gentis conosco", declarou Lando Norris. O britânico enfatizou a preparação detalhada com seus engenheiros sobre a corrida anterior e se mostrou "pronto para mais um bom fim de semana".
Oscar Piastri manifestou satisfação com seu ritmo recente: "Estou muito satisfeito com meu ritmo nas últimas corridas e me sinto bem para Hungaroring. Spa foi um dia produtivo e quero continuar assim". O australiano reconheceu suas boas lembranças da Hungria, mas preferiu focar no presente: "Tenho boas lembranças da Hungria de 12 meses atrás, mas isso já faz parte do passado e estou determinado a reviver mais momentos como esse este ano".
Andrea Stella, chefe da equipe, destacou o caráter desafiador do Hungaroring enquanto reforçou a busca por oportunidades de melhoria. O italiano agradeceu o esforço de toda a organização: "Toda a equipe trabalhou arduamente para nos dar um MCL39 veloz, com uma série de melhorias incrementais nos últimos três eventos".
Ferrari aposta em pacote atualizado
A equipe italiana desembarca em Budapeste motivada pelas melhorias implementadas no SF-25 durante a etapa belga, onde Charles Leclerc conquistou posição no pódio. O conjunto de atualizações enfrentará agora um teste decisivo nas características únicas do traçado húngaro, repleto de curvas técnicas de velocidade intermediária.
O piloto monegasco demonstra satisfação com a renovação de Fred Vasseur: "Eu não tinha dúvidas de que isso aconteceria, mas pelo menos agora podemos acabar com as especulações e voltar a nos concentrar exclusivamente no nosso trabalho na pista", comentou. "Sabemos a importância da estabilidade na Fórmula 1 e acho que esta é a melhor coisa que poderia ter acontecido para toda a equipe."
Leclerc reconhece suas dificuldades históricas no circuito húngaro: "Muitas pessoas comparam Hungaroring a Mônaco sem as barreiras, mas, ao contrário da minha pista, nunca consegui um bom resultado aqui. Recentemente, progredimos bem em termos de competitividade e seria ótimo finalmente subir ao pódio em um circuito onde nunca tive muita sorte."
O monegasco avalia positivamente a temporada atual: "Acho que estamos tendo uma temporada muito boa, considerando meu desempenho como piloto. É claro que algumas corridas ruins podem acontecer, e aqui estou falando de Silverstone. Mas, no geral, acho que posso estar satisfeito. Para a segunda parte da temporada, estamos todos trabalhando com o objetivo de sempre lutar pelos pódios, tentando consolidar o segundo lugar no Campeonato de Construtores, e esse trabalho começa a partir dos treinos livres de amanhã."
"Nas últimas corridas, progredimos em termos de competitividade e, na Bélgica, graças ao trabalho árduo em Maranello, introduzimos um pacote de melhorias que melhorou ainda mais o nosso desempenho", afirmou Fred Vasseur. "Será interessante ver como o SF-25 atualizado se comporta em uma pista completamente diferente, sinuosa, com muitas curvas de média e baixa velocidade."
A renovação contratual de Vasseur recebeu endosso da direção: "Hoje, queremos reconhecer o que foi construído e nos comprometer com o que ainda precisa ser alcançado", declarou Benedetto Vigna, CEO da Ferrari.
O diretor francês manifestou gratidão: "Sou grato pela confiança que a Ferrari continua depositando em mim. Esta renovação não é apenas uma confirmação — é um desafio para continuar progredindo, manter o foco e entregar resultados."
Lewis Hamilton integra a formação com amplo histórico no Hungaroring, onde acumulou nove pole positions e oito vitórias, agora buscando contribuir para o retorno da Scuderia ao topo da categoria.
Mercedes busca respostas após Spa
A equipe alemã enfrenta questionamentos sérios após uma corrida difícil na Bélgica. Toto Wolff não esconde a necessidade de melhoria: "Nossa performance nas corridas recentes não tem estado à altura dos nossos padrões, e temos trabalho planejado tanto para entender por que isso aconteceu quanto para resolver neste fim de semana".
A Mercedes trabalhou intensamente nos dias seguintes a Spa para otimizar seu desempenho, buscando entrar no recesso de verão com um resultado positivo em Budapeste. O circuito húngaro apresenta características únicas que favorecem carros bem equilibrados, com 14 curvas distribuídas entre seis à esquerda e oito à direita.
O Hungaroring representa um dos maiores desafios térmicos da temporada, com temperaturas do ar podendo atingir 33°C e da pista chegando aos 50°C. A ausência de retas longas limita o fluxo de ar, tornando ainda mais complexo o resfriamento dos freios, que enfrentam seis eventos de frenagem por volta.
George Russell conquistou sua primeira pole position na Fórmula 1 justamente em Budapeste, em 2022, demonstrando o potencial da Mercedes no circuito húngaro. A equipe registrou seu 600º pódio com motores Mercedes-Benz Power no Grande Prêmio da Hungria de 2024.
Equipes de meio-campo buscam oportunidades
A Visa Cash App RB demonstra otimismo após o desempenho em Spa-Francorchamps. "O carro tem estado muito rápido ultimamente, então é importante trabalhar duro para melhorar e continuar melhorando", comentou Liam Lawson.
Isack Hadjar manifestou confiança: "Estou confiante para voltar a correr esta semana; Budapeste é uma pista que eu gosto, é muito sinuosa e técnica, então vamos dar o nosso melhor para lutar pelos pontos no domingo".
A Sauber busca estender sua sequência de cinco corridas consecutivas pontuando, incluindo um pódio em Silverstone. Jonathan Wheatley, diretor da equipe, enfatizou: "A Hungria é conhecida por entregar resultados surpreendentes, por isso precisamos estar prontos para aproveitar ao máximo as oportunidades que possam surgir".
Gabriel Bortoleto refletiu sobre sua temporada de estreia: "A primeira metade da minha temporada de estreia termina neste fim de semana e, olhando para trás, como tudo se desenrolou, sinto que cresci e aprendi muito".
A Alpine volta ao local da vitória histórica de Esteban Ocon em 2021, primeiro triunfo da marca na Fórmula 1. Pierre Gasly demonstrou entusiasmo: "O Hungaroring é um circuito muito diferente de Spa, mas igualmente implacável. Considero uma das pistas mais prazerosas do calendário".
Franco Colapinto relembrou seus sucessos nas categorias de base: "Celebrei alguns pódios no Hungaroring em minha carreira júnior e é uma pista e cidade que aprecio".
A Haas aposta na experiência de Esteban Ocon, vencedor em 2021: "Obviamente, é sempre extremamente especial para mim voltar a Budapeste todos os anos. É onde conquistei minha primeira vitória na Fórmula 1".
O Grande Prêmio da Hungria promete encerrar a primeira metade da temporada com definições importantes na luta pelo campeonato, especialmente na disputa interna da McLaren entre Piastri e Norris, enquanto Ferrari e Mercedes buscam recuperar terreno perdido antes das férias de verão.
Carlos Rossi – Kabé / Red Line Motor Sport
Jornalista | Repórter Fotográfico
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