McLaren domina GP da Inglaterra com vitória de Norris em Silverstone; Hulkenberg faz história com primeiro pódio da carreira

McLaren em Silverstone, 2025 (Pirelli / Divulgação)

Alemão da Sauber sobe ao terceiro lugar em Silverstone enquanto Norris vence em casa e Piastri completa dobradinha da equipe britânica

O circuito de Silverstone foi palco de uma das corridas mais dramáticas da temporada 2025 da Fórmula 1, com condições climáticas adversas protagonizando momentos de alta tensão e reviravolta histórica. Nico Hulkenberg, aos 37 anos, finalmente quebrou o jejum de 15 anos sem pódios ao conquistar o terceiro lugar após uma escalada impressionante desde a 19ª posição no grid. A McLaren celebrou uma dobradinha com Lando Norris triunfando em território britânico, seguido pelo companheiro Oscar Piastri, enquanto Max Verstappen viveu um domingo para esquecer, terminando apenas em quinto após múltiplos incidentes.

A largada em Silverstone apresentou desafios imediatos com o asfalto encharcado pela chuva. Verstappen manteve a liderança inicial, mas as McLarens mostraram ritmo forte desde os primeiros metros, com Piastri segurando a vice-liderança e Norris logo atrás. Lewis Hamilton, agora defendendo as cores da Ferrari, demonstrou agressividade na largada e rapidamente se posicionou como ameaça ao terceiro posto de Norris.

Os primeiros momentos da corrida foram marcados por incidentes que definiram o rumo da prova. Fernando Alonso aproveitou o caos inicial para saltar da nona para a sexta colocação, enquanto uma sequência de acidentes reduziu drasticamente o número de competidores. O primeiro revés aconteceu quando Liam Lawson foi atingido por Ocon, forçando seu abandono imediato. Pouco depois o brasileiro Gabriel Bortoleto perdeu o controle de sua Sauber, colidindo com as barreiras de proteção e encerrando prematuramente sua participação.

A batalha pela liderança entre Verstappen e Piastri se intensificou nas voltas iniciais, com o australiano pressionando constantemente o tricampeão mundial. A estratégia de diferentes compostos de pneus criou um cenário complexo, com 12 pilotos utilizando intermediários enquanto as Mercedes e Bearman optaram por pneus duros, e a Ferrari de Charles Leclerc junto com a RB de Hadjar escolheram os médios.

O momento decisivo chegou na oitava volta, quando Piastri utilizou o DRS para superar Verstappen e assumir a liderança.

A chuva intensificou-se significativamente na volta 11, forçando a desativação do DRS e criando condições ainda mais traiçoeiras. Verstappen, pressionado por Norris, cometeu um erro crucial ao sair da pista em uma curva, permitindo que o piloto britânico o ultrapassasse e assumisse a segunda posição. Este momento marcou o início das dificuldades do holandês.

As condições climáticas instáveis transformaram a gestão dos compostos Pirelli no principal desafio estratégico do Grande Prêmio da Inglaterra. Com o asfalto alternando entre completamente encharcado e parcialmente seco ao longo das 52 voltas, as equipes precisaram navegar por um cenário complexo de escolhas entre pneus intermediários, duros, médios e macios.

A volta 12 testemunhou um êxodo em massa aos boxes, com os três primeiros colocados buscando pneus adequados para as condições climáticas daquele momento. A McLaren demorou mais tempo na troca de pneus de Norris, permitindo que Verstappen recuperasse uma posição no pit stop e retornasse em segundo.

A entrada do Safety Car na volta 14 devido à intensidade da precipitação criou uma oportunidade para Verstappen reduzindo a distância de mais de 10 segundos para Piastri. Neste momento, Hulkenberg já havia escalado 14 posições, estabelecendo-se como o piloto com maior ganho de posições, seguido por Lance Stroll com 13 posições conquistadas.

O reinício na volta 18 trouxe mais drama, com Hamilton sendo brevemente superado por George Russell antes de reconquistar a posição. Pouco depois, na mesma volta, um acidente entre Hadjar e Kimi Antonelli resultou em nova intervenção do Safety Car, com o piloto da RB colidindo nas barreiras após o contato.

O incidente mais controverso da corrida ocorreu na volta 21, quando Piastri executou uma manobra polêmica antes da relargada, acelerando intensamente antes de frear bruscamente. Esta ação colocou Verstappen em situação delicada, e logo após a curva o tetracampeão rodou e acabou despencando para a décima posição. Inevitavelmente, Piastri acabou punido com 10 segundos por essa infração.

Com Verstappen fora de combate nas primeiras posições, a corrida assumiu nova configuração. Stroll emergiu como terceiro colocado, seguido por Hulkenberg em quarto, que continuava sua escalada impressionante desde o fundo do grid. A liberação do DRS na volta 34, mesmo com a pista ainda visivelmente molhada, adicionou outro elemento estratégico à disputa.

Hulkenberg protagonizou uma das ultrapassagens mais destacadas da corrida na volta 35, superando Stroll com precisão e assumindo o terceiro lugar. Hamilton também aproveitou o momento para passar a Aston Martin de Stroll, consolidando as posições de pódio que se mantiveram até o final.

A estratégia final de pit stops definiu o resultado da corrida. Hulkenberg fez uma parada demorada na volta 43, mas sua vantagem construída ao longo da prova permitiu que retornasse ainda em terceiro lugar. As paradas de Piastri e Norris, combinadas com a penalização do australiano, resultaram em Norris assumindo a liderança definitiva, com Piastri em segundo e Hulkenberg garantindo sua primeira visita ao pódio.

O alemão descreveu a conquista como "bastante surreal" após a corrida. "Já faz tempo que não vem, né? Eu sempre soube que tínhamos isso dentro de nós, e eu tenho isso em algum lugar. Que corrida, vindo praticamente do último lugar e repetindo tudo do último fim de semana, foi bem surreal, para ser sincero", declarou Hulkenberg.

O piloto da Sauber destacou as condições desafiadoras: "Não sei como tudo aconteceu, mas obviamente as condições eram malucas, condições mistas – foi uma luta pela sobrevivência durante boa parte da corrida. Acho que estávamos realmente focados – as decisões certas, os pneus certos no momento certo. Não cometemos erros e é incrível."

Hulkenberg admitiu ter duvidado da possibilidade até os momentos finais: "Hoje, acho que estava em negação até o último pit stop, então, quando soube que tínhamos uma boa vantagem sobre Lewis com a volta extra, pensei: 'Ok, isso é bom! Isso é um respiro!' Mas aí ele começou a recuperar bem rápido. A pressão estava lá, foi uma corrida intensa, mas não desistimos."

Sobre a pressão final de Hamilton diante da torcida local, o alemão comentou: "Obviamente, eu estava pensando que Lewis ia dar tudo de si diante da torcida local e pensei: 'Desculpe, pessoal – hoje também é o meu dia!'. Preciso me arriscar."

Norris, por sua vez, celebrou sua vitória em casa com entusiasmo. "Nas últimas voltas, eu só olhava para a multidão. Eu só tentava absorver tudo, aproveitar o momento, porque talvez nunca mais acontecesse. Espero que aconteça, mas essas são memórias que levarei comigo para sempre, então – uma conquista incrível", afirmou o piloto britânico.

O vencedor classificou a corrida como extremamente desafiadora: "Em termos de ser uma corrida estressante, esta é a mais estressante possível. Quer dizer, foi uma boa corrida para o Oscar também. Tenho que dar os créditos ao Oscar, ele foi rápido o tempo todo."

Norris elogiou a parceria com Piastri: "Ele lutou muito e eu gosto desses momentos juntos quando estamos na pista. Não tanto quando ele está na minha frente quanto quando está atrás, mas a vida é assim. Crédito a ele e, claro, à McLaren."

O piloto concluiu destacando a importância da vitória em território britânico: "Vencer em casa, diante de todos os amigos e familiares que temos aqui, é incrível, então, um grande obrigado a eles."

A vitória de Norris reduziu a diferença no campeonato para apenas oito pontos em relação a Piastri, estabelecendo uma disputa acirrada entre os companheiros de equipe. Para a Sauber, o quarto top 10 consecutivo de Hulkenberg elevou a equipe para a sexta posição no Mundial de Construtores, com 41 pontos, cinco à frente de Racing Bulls e Aston Martin.

A Fórmula 1 retorna à ação no Grande Prêmio da Bélgica, programado para o fim de semana de 25 a 27 de julho, onde os pilotos terão nova oportunidade de disputar posições em uma das pistas mais desafiadoras do calendário. Carlos Rossi – Kabé / Red Line Motor Sport

Jornalista | Repórter Fotográfico