Brasília decide quem sobe: cinco pilotos disputam vaga na Stock Car 2026 com diferença de apenas dois pontos na liderança

Enzo Bedani e Alfredinho Ibiapina na Final de 2025 em Interlagos (Carlos Rossi/CARR Press)

Enzo Bedani e Felipe Barrichello Bartz protagonizam duelo apertadíssimo pelo título da Stock Light, enquanto Léo Reis, Alfredinho Ibiapina e Guto Rotta ainda mantêm esperanças matemáticas na capital federal

Brasília, 28 de novembro de 2025. A reinauguração do Autódromo Internacional de Brasília testemunhará um dos finais mais disputados da história recente do automobilismo brasileiro. Entre os dias 28 e 30 de novembro, a Stock Light define seu campeão de 2025 em uma batalha que reúne cinco jovens talentos separados por margens mínimas na tabela de pontuação. O vencedor garantirá o prêmio mais cobiçado das categorias nacionais: um pacote completo da Vicar com insumos, incentivos e bolsa mensal para competir na BRB Stock Car Pro Series durante toda a temporada 2026.

Apenas dois tentos separam os protagonistas do campeonato. Enzo Bedani, paulistano de 17 anos que lidera a competição desde a largada inaugural em maio, chega à capital federal com 287 pontos. Logo atrás, com 285, aparece Felipe Barrichello Bartz, sobrinho do lendário Rubens Barrichello e atual recordista de pódios da categoria. A margem mínima entre os dois transforma cada décimo de segundo e cada posição no grid em fatores decisivos para o desfecho do campeonato.

O cenário ganha contornos ainda mais dramáticos quando se analisa o sistema de descartes. Aplicadas as duas piores pontuações de cada piloto — regra que só entra em vigor após a primeira corrida do fim de semana —, Barrichello Bartz assumiria a ponta com 279 pontos contra 273 de Bedani. A inversão potencial adiciona outra camada de tensão à disputa que será resolvida ao longo de três corridas e 84 pontos em jogo no traçado de 5.384 metros da pista brasiliense.

Três competidores mantêm chances matemáticas, embora mais remotas. Léo Reis ocupa a terceira posição com 242 pontos, seguido por Alfredinho Ibiapina (218) e Guto Rotta (208). O trio precisará de combinações favoráveis de resultados, mas a presença de cinco nomes na disputa pelo título demonstra o equilíbrio técnico da temporada que reuniu o maior grid pós-pandemia da categoria, com 23 carros alinhados na maioria das etapas.

A W2 Racing ProGP domina numericamente a lista de finalistas. A tradicional estrutura carioca comandada por Duda Pamplona e Serafin Jr. coloca três pilotos na briga: além do líder Bedani, a equipe conta com Reis e Ibiapina. A paranaense SG28 Racing, dirigida por Carlos SG, representa Barrichello Bartz, enquanto Rotta defende as cores da tricampeã Garra Racing Team, sediada em Caxias do Sul e anteriormente conhecida como Motortech.

Bedani construiu sua liderança com alicerces sólidos desde a abertura do calendário. Pilotando o carro # 98, o paulistano quase gabaritou a etapa de Interlagos ao cravar pole position e vencer as duas primeiras corridas, terminando em segundo na prova complementar. Foram 80 dos 84 pontos possíveis, desempenho que estabeleceu o padrão de regularidade mantido ao longo de toda a temporada. Em 15 disputas realizadas até agora, finalizou 14 delas entre os sete primeiros, acumulando três triunfos e sete pódios totais.

A trajetória do atual líder na Stock Light começou em dezembro de 2023, quando se tornou o mais jovem vencedor da história da categoria aos 15 anos, justamente em Interlagos. Na temporada passada, disputou o título até a etapa final e terminou como vice-campeão. Agora, em sua terceira campanha completa na divisão de acesso, Bedani demonstra maturidade muito além dos 17 anos que completou em janeiro.

"Fizemos uma temporada muito constante, de cabeça, mental, sempre ficando nas primeiras posições e sempre buscando os resultados importantes para o campeonato", avaliou. O piloto identifica a evolução comportamental como diferencial: "O que eu mais evoluí foi sobre a calma e a constância ao longo da temporada, que é o que nos fez chegar ao fim do ano disputando o título".

Sobre a proximidade de Barrichello Bartz na tabela, Bedani mantém a serenidade: "As chances são altas, claro, mas é um campeonato muito disputado. Então agora é correr com a cabeça, buscar os melhores resultados e chegar à frente dos nossos concorrentes". Caso conquiste o troféu, será o terceiro piloto a receber o superprêmio da Vicar, fazendo companhia a Zezinho Muggiati (2023) e Arthur Gama (2024). "Significaria praticamente todo o trabalho que trilhamos na Stock Light, da minha carreira de forma geral, que é a minha busca pela Stock Car. Seria incrível para mim porque essa vaga viria para coroar esse trabalho construído ao longo de muito tempo e meu grande objetivo", projetou.

Barrichello Bartz vive seu melhor momento na categoria. O paulistano de 20 anos soma cinco vitórias na carreira na Stock Light, sendo três conquistadas nesta temporada após transferência da W2 Racing ProGP — onde correu duas temporadas — para a SG28 Racing. A mudança de estrutura provou-se acertada: Pipe lidera isoladamente a estatística de pódios com nove subidas ao top-3, além de ostentar uma pole e três voltas mais rápidas.

O ápice da campanha aconteceu em Cascavel, no Paraná, durante setembro. Replicando o feito de Bedani em Interlagos, o sobrinho de Rubens também marcou 80 dos 84 pontos disponíveis ao conquistar a pole, duas vitórias e um segundo lugar. A arrancada na reta final do campeonato foi crucial: depois de chegar a acumular 37 pontos de desvantagem para o líder, Pipe recuperou terreno até se colar na disputa ponto a ponto.

A consistência marca sua trajetória no ano. Das 15 corridas já realizadas, terminou 12 delas entre os cinco primeiros colocados. "Avalio a temporada como muito boa. Enfrentamos dificuldades, mas fizemos um grande trabalho para conseguir manter essa constância de estar sempre no top-5 e marcar muitos pódios. É por isso que estamos na final da temporada disputando o título, então fico muito feliz pela forma como conseguimos lidar com os problemas e como seguimos em frente", analisou.

O piloto do carro # 24 destaca a evolução na leitura de corrida como fator determinante: "Sem dúvidas, o fator em que mais evoluí na temporada foi na minha leitura de corrida. No começo da temporada tivemos algumas corridas 3 em que tivemos alguns problemas. E percebemos que essa pontuação na corrida 3 faria a diferença. Precisava ter essa constância, performar bem e arriscar menos nessa prova, que geralmente é a mais caótica do cronograma. E foi isso o que fizemos, marcamos pódios e pontos importantes. Nessa leitura de entender o que está acontecendo e ter mais paciência foi, certamente, no que eu mais evoluí na temporada".

Sobre chegar empatado virtualmente na liderança, Barrichello Bartz não esconde a satisfação: "Chegar aqui praticamente empatado na liderança do campeonato é algo que não poderia ser melhor. Tem uma diferença mínima, mas estamos ali. Sou um dos dois favoritos ao título, então estou muito feliz. Estamos muito fortes e prontos para entregar tudo o que temos em Brasília para conseguir trazer esse sonho para casa, além de estar na Stock Pro ano que vem".

A possibilidade de colocar outro membro da família Barrichello no grid principal da Stock Car representa significado especial. "É um sonho. Estamos trabalhando em cima disso há muito tempo: eu, minha família, nossa equipe, então não tem como ficar mais feliz. Tenho de agradecer a todo mundo que vem me ajudando nesses últimos anos e me permitiu estar nessa situação. Honestamente, estou muito feliz. Agora é focar em transformar esse sonho uma grande realidade", concluiu.

Léo Reis protagoniza temporada de estreia notável na Stock Light. O paulistano de 22 anos acumula cinco pódios e já carimbou matematicamente o título de rookie do campeonato — seus perseguidores não conseguem mais alcançá-lo na pontuação. Com 242 pontos, ocupa a terceira posição geral, 45 tentos atrás de Bedani, mas mantém vivas as esperanças de conquistar o troféu principal.

Representando a W2 Racing ProGP no carro # 293, Léo demonstrou rápida adaptação às características da categoria. Em três oportunidades finalizou em segundo lugar — em Interlagos, Velocitta e Cascavel. Outras duas vezes subiu ao terceiro degrau do pódio, correndo no traçado paulistano e no Velopark. O desempenho impressiona por ter desafiado competidores com maior experiência na divisão de acesso.

A temporada dupla adiciona complexidade ao desafio. Além da Stock Light, Reis disputa o TCR South America Banco BRB, onde acumula uma pole position e dois pódios em três etapas, figurando entre os candidatos ao título daquele campeonato. Conciliar calendários e manter alto nível de performance em ambas as categorias demonstra versatilidade do piloto.

"A avaliação da temporada da Stock Light é super positiva, em um ano de estreia e adaptação. Lutei de igual para igual com vários pilotos de mais experiência. Tive uma emoção muito boa. Liderei o campeonato inteiro entre os rookies e, no geral, chego à última etapa disputando o título com pilotos com dois, três anos de experiência na categoria. É uma temporada muito boa", resumiu.

O rookie identifica a integração com a estrutura de equipe como principal área de evolução: "O que mais consegui evoluir durante o ano foi a parte de trabalho da equipe. É algo que eu ainda não tinha a experiência antes, de ter meu próprio engenheiro e a estrutura que a Stock Light oferece como equipe. Essa adaptação foi legal, e evoluí bem, pois foi algo que não tinha antes. E a guiada do carro, que foi uma adaptação nova, foi algo novo. Uma evolução simultânea".

O déficit de 45 pontos para a liderança não abala a confiança. "A gente chega à decisão do campeonato na terceira colocação e com chances de título no geral. Existe a possibilidade e vamos buscar fazer nosso papel: marcar a pole, buscar as vitórias e, se Deus quiser, vamos sair com o título principal", projetou. A perspectiva de ascender à Stock Car representa realização de sonho antigo: "Entrar na Stock Car é uma grande honra, um sonho de infância. É uma categoria com grandes pilotos que, além de admirar, sou fã desde criança. Seria algo muito significativo e que trabalhei a vida inteira para alcançar".

Vale mencionar que Léo tem conexão familiar com a categoria principal: seu irmão mais velho, Rafael Reis, estreou na BRB Stock Car e conquistou seu primeiro pódio durante a etapa noturna realizada em Cuiabá nesta temporada.

Alfredinho Ibiapina, aos 17 anos, figura como o mais jovem dos finalistas ao lado de Bedani. Natural de Curitiba e residente em Florianópolis, o paranaense completa sua segunda temporada na Stock Light ostentando marca exclusiva: é o único piloto com duas poles em 2025, feito alcançado no Velopark e no Velocitta. Pilotando o carro # 8 da W2 Racing ProGP, acumula três vitórias — duas no Velopark e uma no Velocitta — além de três pódios totais.

A velocidade pura aparece nas estatísticas. Alfredinho lidera isoladamente o ranking de voltas mais rápidas com quatro marcas na temporada, demonstrando capacidade de extrair o máximo do equipamento. Em sete das dez corridas com grid definido por sessão classificatória, largou entre os seis primeiros, aspecto relevante considerando o pelotão robusto com mais de 20 carros.

O piloto chega à capital federal embalado por conquista recente. No último fim de semana antes da decisão da Stock Light, sagrou-se bicampeão brasileiro de kart na categoria Shifter Graduados, no Kartódromo Beto Carrero em Penha, Santa Catarina. No caminho do título, superou inclusive Matheus Morgatto, campeão mundial de kart.

Com 218 pontos, Alfredinho ocupa a quarta colocação e enfrenta déficit de 69 tentos em relação ao líder. Apesar das chances reduzidas, mantém foco no trabalho: "Foi uma temporada bem boa para nós, com três vitórias, poles… um ano de muito sucesso. Tivemos alguns altos e baixos durante o ano e enfrentamos quebras, algumas batidas nas quais não tive culpa, o que acabou prejudicando um pouco na posição em si. Mas o ano, em termos de performance, foi bem legal, e agora chegamos a Brasília como um dos finalistas, então vamos com tudo dar o nosso melhor lá".

O curitibano destaca a evolução no ritmo de classificação: "Evoluímos bastante. Conseguimos largar um pouco mais à frente, e na Stock Light faz total diferença largar entre os três primeiros. Sou o piloto com mais poles neste ano, então mostra que conseguimos evoluir neste aspecto, que é crucial na competição".

Quanto às possibilidades de título, Ibiapina mantém os pés no chão: "As chances de título existem, mas são bem baixas. Temos os pés bem no chão, vamos para Brasília e, seja o que Deus quiser; se for para ser nosso, vai ser, vai dar certo, mas se não for, tudo certo também. Vamos trabalhar com o que a gente tem, na situação que a gente tem agora e vamos com tudo fazer o nosso melhor".

A Stock Car permanece no horizonte do adolescente: "É a maior categoria do automobilismo nacional, a mais forte e a mais competitiva, também. É um grid muito forte com pilotos como o Thiago Camilo, Rubens Barrichello, Gabriel Casagrande, Cacá Bueno, nomes muito fortes do cenário brasileiro. Correr junto com eles neste grid algum dia seria incrível para mim, uma oportunidade única e espero um dia poder realizar isso com a experiência que venho obtendo na Stock Light".

Guto Rotta fecha o quinteto de finalistas. Natural de Encantado, no Rio Grande do Sul, o piloto de 23 anos chega à sua segunda temporada na categoria após carreira vitoriosa em carros de tração dianteira. Foi campeão brasileiro e gaúcho de Turismo 1.4, venceu na Turismo Nacional e conquistou três títulos nas lendárias 12 Horas de Tarumã.

A adaptação ao carro de tração traseira da Stock Light — similar ao da Stock Car, mas radicalmente diferente dos veículos que pilotava anteriormente — finalmente rendeu frutos em 2025. Defendendo a Garra Racing Team no carro # 29, Rotta alcançou suas primeiras vitórias na categoria: triunfou em casa no Velopark e também no Velocitta, somando quatro pódios totais na campanha.

Com 208 pontos na quinta colocação, enfrenta déficit de 79 tentos para Bedani. Apesar das chances matemáticas reduzidas, o gaúcho valoriza estar entre os finalistas num grid de altíssimo nível: "Foi uma temporada de altos e baixos, com grid fenomenal, repleto de pilotos bons. E é um grande passo por estar entre os finalistas. Posso dizer que foi uma temporada mágica para mim, uma das minhas melhores até agora, isso nem falo tanto em termos de resultado, mas sim de crescimento".

O piloto enfatiza a evolução global como profissional: "Foi realmente na questão de experiência, tanto com o carro quanto dentro do próprio automobilismo em si. Foi uma temporada bem difícil e, embora não tivesse obtido tantos resultados de grande valor, consegui me manter constante e alcancei o objetivo de pontuar o máximo possível a cada etapa. Evoluí muito minha mentalidade como piloto e dentro do carro que temos na Stock Light".

Rotta encara a decisão com realismo, mas sem desistir: "Reconheço que as minhas chances de título não são as mais favoráveis. Mesmo estando entre os finalistas, estou um pouco mais distante dos primeiros colocados. Difícil, mas não impossível. Então estou focado em buscar esse campeonato na última etapa, mas só de estar disputando o título estou muito grato, muito feliz".

A Stock Car representa objetivo maior da trajetória: "Significaria um sonho realizado. Por uma vida inteira, desde pequeno, sempre sonhei em estar no grid da Stock Car, sempre acompanhei e sempre quis estar ali disputando. É uma vida inteira na luta por esse objetivo, muitas vezes deixando de fazer coisas que queria para chegar ao nível que estou hoje. Seria um sonho realizado. Sigo e seguirei trabalhando para estar lá dentro".

A programação do fim de semana decisivo começa no sábado. A sessão classificatória está marcada para as 10h40 (horário de Brasília) e definirá o grid de largada. Logo na sequência, às 12h10, acontece a primeira das três corridas, com duração de 25 minutos mais uma volta. Após essa disputa inicial, os descartes serão aplicados e a tabela poderá sofrer alterações significativas na ordem dos competidores.

O sábado reserva ainda momento especial de aproximação entre fãs e protagonistas. Às 13h40, a visitação aos boxes permite que o público conheça de perto as máquinas e tenha contato direto com os pilotos, numa das atividades mais valorizadas da programação na capital federal.

O domingo definirá o campeão através de duas corridas consecutivas. A primeira largada está prevista para as 11h40, iniciando a jornada final que coroará quem receberá o pacote completo da Vicar: insumos, incentivos e bolsa mensal para integrar o grid da BRB Stock Car Pro Series durante toda a temporada 2026.

Toda a cobertura da Stock Light será transmitida ao vivo pelo canal oficial da BRB Stock Car Pro Series no YouTube. Assinantes de TV paga poderão acompanhar também através do SporTV e BandSports. Carlos Rossi / CARR Press

Jornalista e Repórter Fotográfico