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Saga inesquecível: os 45 anos da "era Sedan"

  • Foto do escritor: Carlos Rossi | Kabé
    Carlos Rossi | Kabé
  • 16 de dez. de 2024
  • 6 min de leitura
Tarumã, 1979: a primeira corrida e o início da "era Sedan" na Stock Car Pro (Paulo Dias Nunes)
Foto: Paulo Dias Nunes

Pilotos, equipes e público da Stock Car viverão a prova de despedida da atual geração de carros da categoria neste domingo, em Interlagos


A Stock Car Pro Series alcançou nesta temporada um marco emblemático e completou 45 anos de vida, em 22 de abril. Também em 2024, aquela que se consolidou como a principal competição do automobilismo brasileiro caminha para um ponto de virada na sua trajetória e no próprio esporte a motor nacional como um todo. A “era Sedan” de carros da categoria, em ação desde 1979, verá a bandeirada final com o término da última prova do atual campeonato, neste domingo (15/12), para dar lugar a uma revolução que aponta para novos tempos com a vinda da “era dos SUVs”.


Com os modelos Sedans, a Stock Car tornou-se uma das competições mais equilibradas e imprevisíveis do automobilismo mundial, reuniu lendas das pistas e vários pilotos com passagens pela Fórmula 1 e Indy, formou novos ídolos e cativou gerações de fãs ao passar por autódromos clássicos, como Interlagos, Goiânia, Tarumã, Brasília e os saudosos Jacarepaguá e Curitiba, além de ir ao exterior para correr no Estoril (Portugal), Buenos Aires (Argentina) e El Pinar (Uruguai). A era que está prestes a se encerrar também desfilou em pistas únicas como o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e em circuitos de rua montados em Ribeirão Preto, Salvador e, mais recentemente, em Belo Horizonte.


Um dos maiores emblemas da Stock Car está justamente no mais clássico dos seus modelos. No fim dos anos 1970, a Chevrolet foi uma das idealizadoras da categoria como alternativa à antiga Divisão 1 e colocou em ação o Opala, que até hoje povoa o imaginário dos amantes de carros espalhados pelo Brasil. Foi com os Opalões nas pistas que a Stock pavimentou os 15 primeiros anos da sua história, desde sua origem até 1993.


Uma das grandes premissas da Stock Car sempre foi estar alinhado com o desenvolvimento da indústria automotiva nacional. Parceira histórica da categoria, a Chevrolet promoveu a transição do Opala para o Omega, modelo que causou furor nos anos 1990 e que esteve em ação entre 1994 e 1999.


A chegada do ano 2000 resultou em renovação no grid da Pro Series. Pela primeira vez a competição deixou de usar carros de rua adaptados para o automobilismo para lançar um projeto baseado em chassi tubular específico para competição fabricado pela JL, empresa do ex-piloto Zeca Giaffone, campeão de 1987. Foi nesta época que a Chevrolet promoveu a vinda da primeira versão do Vectra para substituir o Omega, em período que durou até 2003. A partir de 2004, a categoria passou a ver nas pistas o Astra, refletindo o natural processo evolutivo promovido pela montadora norte-americana no mercado brasileiro.



Multimarcas — A temporada de 2005 representou um divisor de águas na Stock Car. Pela primeira vez em sua história, a competição teve no grid carros de duas montadoras distintas. Além da Chevrolet, sempre presente, Mitsubishi estreou com o modelo Lancer, que acelerou até 2008 e conquistou dois títulos, ambos com Cacá Bueno.


Nos anos seguintes, a Pro Series viu a chegada de mais duas marcas de grande tradição no esporte a motor: a Volkswagen, com o modelo Bora (entre 2006 e 2007), e a Peugeot, que permaneceu na competição por dez temporadas (2007 a 2016) e faturou cinco títulos, dois com o 307 Sedan e três com o 408 Sedan. Neste período, a Chevrolet trouxe a nova geração do Vectra para medir forças com as suas oponentes.


Uma nova geração de carros da Stock Car foi apresentada em 2009. O JL-G09, desenvolvido por Nicola Scimeca e Gustavo Lehto, foi concebido para representar uma evolução natural com um protótipo mais tecnológico, seguro e com maior eficiência aerodinâmica, além de nascer com o objetivo de reduzir os custos de manutenção para as equipes.


A Chevrolet deu sequência à sua trajetória na Pro Series com a carenagem dos modelos Sonic (2012 a 2015), e desde 2016 acelera com o Cruze que vai se despedir da Stock Car no próximo domingo, antes da transição para os SUVs. A partir de 2020, a marca da ‘gravatinha’ ganhou outro concorrente de muito peso e história no esporte a motor: a Toyota. Em nova fase, a principal categoria do país passou a contar com carros mais semelhantes aos vistos nas ruas. Ainda equipadas com chassis tubulares, as máquinas atuais têm como base os monoblocos dos carros de rua, aproximando o visual dos carros daquele que o consumidor encontra nas concessionárias.


Nas últimas cinco temporadas, Chevrolet, com o Cruze, e a Toyota, com o tradicional Corolla, entregaram corridas muito disputadas e proporcionaram um incrível duelo de montadoras: em 2023, por exemplo, houve um empate em vitórias, com 12 triunfos para cada. Às vésperas do término de 2024, as duas marcas repetem o placar igualado até o momento (11 x 11).



O ano da revolução — 2025 representará um grande marco para a Stock Car e o automobilismo brasileiro. Será a primeira vez que a categoria brasileira vai competir com o visual dos modelos SUVs (sigla para Veículos Utilitários Esportivos). Muito além de uma mudança importante na geração de carros, a Pro Series rompe com um paradigma histórico e se abre para uma nova era com a revolução que se avizinha.


O que está por vir no ano que vem é o resultado de um projeto ambicioso e que se propõe a trazer para o grid a vanguarda da tecnologia, conectividade e segurança em um carro de corrida no cenário do automobilismo brasileiro, com a perspectiva de ser uma inspiração para o esporte a motor mundial.


Chevrolet e Toyota estarão presentes nesta nova fase da Stock Car e vão competir com os modelos Tracker e Corolla Cross, respectivamente. As duas montadoras ganharão outra concorrente: a Mitsubishi estará de volta à Pro Series em 2025, 20 anos depois do início da sua primeira passagem, e colocará em ação a versão de competição do Eclipse Cross.




A história da “era Sedan” da Stock Car em números


Pilotos que já correram de Stock Car: 414


Corridas já disputadas: 632


Campeões: 19


Vencedores de corrida: 78


Circuitos: 21


Montadoras: 5 (Chevrolet, Mitsubishi, Volkswagen, Peugeot e Toyota)


Modelos diferentes: 11



Modelo, anos de participação, temporadas disputadas:


Chevrolet Opala, 1979 a 1993, 15 temporadas*, 15 títulos


Chevrolet Omega, 1994 a 1999, seis temporadas, seis títulos


Chevrolet Vectra, 2000 a 2003; e 2009 a 2011, sete temporadas, quatro títulos


Chevrolet Astra, 2004 a 2008, 5 temporadas, dois títulos


Mitsubishi Lancer, 2005 a 2008, 4 temporadas, dois títulos


Volkswagen Bora, 2006 e 2007, 2 temporadas


Peugeot 307 Sedan, 2007 a 2010, 4 temporadas, dois títulos


Peugeot 408 Sedan, 2011 a 2016, 6 temporadas, três títulos


Chevrolet Sonic, 2012 a 2015, 5 temporadas, três títulos


Chevrolet Cruze, 2016 a 2024, 9 temporadas, seis títulos


Toyota Corolla, 2020 a 2024, 5 temporadas, um título


*De 1987 a 1989, na versão Chevrolet Opala Caio-Hidroplas. De 1990 a 1993, versão Chevrolet Opala Protótipo.



Maior vencedor da história


Ingo Hoffmann, 77 vitórias



Maior campeão da história


Ingo Hoffmann, 12 títulos



Maior vencedor em atividade


Thiago Camilo, 41 vitórias



Maior campeão em atividade


Cacá Bueno, 5 títulos



Todos os campeões da Stock Car na “era Sedan”


1979 – Paulo Gomes


1980 – Ingo Hoffmann


1981 – Affonso Giaffone Júnior


1982 – Alencar Junior


1983 – Paulo Gomes


1984 – Paulo Gomes


1985 – Ingo Hoffmann


1986 – Marcos Gracia


1987 – Zeca Giaffone


1988 – Fábio Sotto Mayor


1989 – Ingo Hoffmann


1990 – Ingo Hoffmann


1991 – Ingo Hoffmann/Ângelo Giombelli


1992 – Ingo Hoffmann/Ângelo Giombelli


1993 – Ingo Hoffmann/Ângelo Giombelli


1994 – Ingo Hoffmann


1995 – Paulo Gomes


1996 – Ingo Hoffmann


1997 – Ingo Hoffmann


1998 – Ingo Hoffmann


1999 – Chico Serra


2000 – Chico Serra


2001 – Chico Serra


2002 – Ingo Hoffmann


2003 – David Muffato


2004 – Giuliano Losacco


2005 – Giuliano Losacco


2006 – Cacá Bueno


2007 – Cacá Bueno


2008 – Ricardo Maurício


2009 – Cacá Bueno


2010 – Max Wilson


2011 – Cacá Bueno


2012 – Cacá Bueno


2013 – Ricardo Maurício


2014 – Rubens Barrichello


2015 – Marcos Gomes


2016 – Felipe Fraga


2017 – Daniel Serra


2018 – Daniel Serra


2019 – Daniel Serra


2020 – Ricardo Maurício


2021 – Gabriel Casagrande


2022 – Rubens Barrichello


2023 – Gabriel Casagrande


Rodolpho Siqueira / Fernando Silva / Bruno Vicaria

 
 
 

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